20/06/2015 às 15h11min - Atualizada em 20/06/2015 às 15h11min

Em entrevista, a maricaense Vanessa Scarcella conta a história de superação

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Em entrevista, a maricaense Vanessa Scarcella conta a história de superação. (Foto :: Divulgação)

Em entrevista, a maricaense Vanessa Scarcella conta a história de superação. (Foto :: Divulgação)

Em entrevista, a maricaense Vanessa Scarcella conta a história de superação. (Foto :: Divulgação)[/caption]

Quem vê a atriz, produtora, gata verão, miss e modelo plus size Vanessa Scarcella distribuindo sorrisos, trabalhando com dedicação e defendendo seus pontos de vista com tanta segurança e determinação, não imagina que por trás de tudo isso há uma história de superação, que envolve violência, uma perda irreparável, doenças, grandes frustrações, erros inconcebíveis, um acidente e até mesmo tentativas de suicídio.

Em entrevista ao Blog 'Marias e champanhotas', Vanessa, mesmo tendo apenas 33 anos de idade, já passou por fases em sua vida que muitas pessoas talvez não suportassem. Mas, mesmo tendo de enfrentar tantos reveses, ela deu a volta por cima, acreditou no recomeço e deixou pra trás tudo o que aconteceu de negativo. Hoje, é uma profissional bem sucedida e uma mãe dedicada, enfim, uma mulher de sucesso.

Paulista de nascimento e moradora de Maricá, no Estado do Rio, a Gata Verão Plus Size e Misss Saquarema Plus Size Vanessa Scarcella, na entrevista que concedeu ao Marias e Champanhotas, conta sua história e diz como conseguiu dar toda essa reviravolta na vida

Marias e Champanhotas – Vanessa, você tem uma história de superação em sua vida. Pode nos contar o que aconteceu?

Vanessa Scarcella – A minha vida inteira, desde a gravidez de meu primogênito, tem sido em função dele. Vamos voltar ao ano de 2000. Eu era apenas uma garota cheia de sonhos, estudante de Direito, e acabei engravidando. Aos 7 meses de gestação, fui vítima de um assalto e minha bebê veio a falecer, o que só descobri durante uma consulta médica 15 dias após o ocorrido. Fui orientada a voltar para casa com o feto morto dentro de mim e esperar que meu organismo iniciasse o trabalho de expulsão. Pode imaginar como me senti? Foram 7 dias em casa, de profunda tortura, carregando um pedaço enorme de mim morto. Eu tinha apenas 18 anos. Meus familiares, não satisfeitos com minha situação, moveram montanhas até conseguirem me internar para induzir o trabalho de parto, que durou longas 23h de muita dor e sofrimento. Mas isso não parou por aí. O hospital enviou ao cartório um documento no qual constava que eu era a falecida, ao invés da minha bebê. Mas, por sorte, minha mãe conseguiu perceber esse grave erro no momento em que o cartório recebeu o documento e conseguimos reparar o erro, que, com certeza, ocasionaria enormes problemas. No ano de 2002, engravidei de meu filho Guilherme, mas no terceiro mês de gestação tive de ser internada, pois meu filho estava “escorregando” no meu útero. Foi quando descobri que meu primeiro parto tinha lesionado meu colo uterino e a partir daí não conseguia mais segurar um feto no útero. Passei, então, por uma cirurgia de emergência e fiquei hospitalizada por longos 4 meses, dependente total, usando fraldas, tomando banho no leito e deitada com as pernas elevadas. Não podia tossir nem rir muito forte, pois corria o risco de romper os pontos e forçar o nascimento prematuro. Quando completei 7 meses de gestação, após longo período de internação, fiquei depressiva. Meu médico, compadecido da minha situação, me liberou para passar 7 dias em casa, com repouso absoluto. Porém, jovens são teimosos. No mesmo dia resolvi dar um passeio de carro com meu esposo e então aconteceu um acidente. Meu marido começou a discutir com o outro motorista e eu desci do carro. Em meio a toda essa confusão, ele voltou ao carro e foi embora, me esquecendo no local do acidente. Conclusão: 3 horas depois nascia o amor de minha vida, o meu filho Guilherme. Por ser prematuro, 2 anos da vida dele foram passados em hospitais, por conta de dificuldades respiratórias. Quando Guilherme completou 1 ano de idade, mudei de curso na faculdade e resolvi fazer Enfermagem, já que minha segunda casa era o hospital. Foi nessa mesma época que ele começou a usar óculos, 3 graus de miopia e astigmatismo. Guilherme cresceu, me casei novamente e tive outro filho. Com a adolescência chegando, a vaidade começou a surgir nele. Com 12 anos, já com 7 graus de miopia, Guilherme quis abrir mão do óculos e fazer cirurgia de reparação. Fomos à clinica de oftalmologia, ele passou por todos os exames pré-operatórios e depois retornamos em consulta. Estávamos extremamente felizes, pois marcaríamos a data da tão sonhada cirurgia. Nunca o vi tão feliz. Porém, foi nesse mesmo dia que minha vida mudou por completo. Foi nesse dia que, ao invés de marcar a cirurgia, saí da clinica com o diagnóstico de retinose pigmentar, doença degenerativa da visão. Deixei a clínica sabendo que meu filho ficaria cego. A partir daí, morri. Não sabia quem eu era, não sabia o que fazer, não enxerguei mais nada, só um enorme buraco de dor e sofrimento. Tentei o suicídio por diversas vezes. Meus familiares entraram em desespero. Comecei a vegetar, me drogava com todos os tipos de remédios antidepressivos, passava noites em claro, abri mão da vida. O que seria de meu filho? Um garoto muito inteligente, que tinha como diversão os jogos online. Como ele poderia dirigir, namorar? Como ele passaria noites em baladas? Que profissão ele teria? E os filhos dele? Será que um dia ele teria esposa e filhos, ou pior, será que os filhos dele também sofreriam com essa doença?

M&C – Como você conseguiu dar a volta por cima e quando tudo começou a mudar?

Vanessa – Após 4 meses vagando em mim mesma, comecei a pesquisar tudo sobre a doença de meu filho. Entrei em grupos do WhatsApp, páginas, blogs, enfim, tudo. Entre um blog e outro, não me lembro como, cheguei a uma página do Facebook que noticiava um concurso de capa para gordinhas. Decidi enviar minha foto. A pessoa responsável pela página me encheu de elogios e me apresentou a um produtor. Fiquei entre as 6 finalistas e a partir daí comecei a disputar concursos, ganhei titulos, entrei em uma oficina de cinema, gravei um curta metragem e me tornei produtora. Foi tudo muito rápido, apenas 3 meses. Tirei o foco da doença do meu filho, enchi minha cabeça com outras coisas e hoje, embora o assunto ainda me deixe muito sensível, consigo conversar abertamente com meu filho. Estamos adaptando a casa para as necessidades dele e ano que vem pretendo me mudar para o Centro do Rio de Janeiro, pois ele fará parte do Instituto Benjamim Constant, onde estudará com pessoas que têm as mesmas necessidades. Sempre que posso o levo para o meu trabalho, pois ele adora o meio artístico. Posso ver o orgulho que ele sente em mim.

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Em entrevista, a maricaense Vanessa Scarcella conta a história de superação. (Foto :: Divulgação)

Em entrevista, a maricaense Vanessa Scarcella conta a história de superação. (Foto :: Divulgação)

Em entrevista, a maricaense Vanessa Scarcella conta a história de superação. (Foto :: Divulgação)[/caption]

M&C – O que você fazia profissionalmente antes de iniciar a carreira de produtora, atriz e modelo plus size?

Vanessa – Sou pós-graduada na área de Enfermagem. Trabalhei em vários setores hospitalares e lecionei por muitos anos.

M&C – No Brasil, o culto ao corpo, à beleza física em geral, em muitos casos chega a ser uma paranoia. Como você analisa esse tipo de coisa? Você já sofreu e ainda sofre discriminação por ser plus size? Vanessa – Acredito que o segmento plus size vem crescendo absurdamente e ganhando cada vez mais seu espaço. Afinal, quantas Giseles Bundchen vemos por aí? Somos mulheres reais, cheias de curvas. Toda mulher tem sua vaidade e quando a quebra de padrões começa a ter destaque, visões e conceitos são reavaliados. Quanto à discriminação, sempre existirá. Quando conto para alguém que sou miss, chega a ser cômica a expressão, a “cara de pastel” da pessoa, então tenho de completar: ´Sou Miss de gordinhas´. Muitas pessoas ainda nem têm a noção do que significa o termo plus size e muito menos que também podemos ser misses e modelos.

M&C – Quando você passou a modelar para o setor plus size, chegou a pensar em parar por conta da discriminação que poderia sofrer ao se expor ou nunca temeu esse tipo de coisa?

Vanessa – Sempre procurei ser bem positiva quanto aos meus pensamentos e projetos de carreira. Confesso que cheguei a sofrer um pouco pela exposição. Estou há pouco tempo na vida pública, mas meu Facebook tem, em média, 30 solicitações de amizade por dia. Não posso mais compartilhar nem comentar as bobagens engraçadas que vejo pelo Face, pois sei que sempre haverá uma crítica em cima do feito. Atualmente, após minha imagem ter sido divulgada em um jornal impresso, acho que sofri uma das maiores agressões que poderiam me ocorrer: fui taxada como atriz pornô. Isso me desanimou muito, pensei até em parar e voltar ao anonimato, mas resisti e recebi o carinho de muitas pessoas. São elas que me dão forças para continuar. Não tenho nada contra as atrizes de filmes de conteúdo adulto, mas esse não é o meu segmento.

M&C – Atualmente, quantos desfiles e ensaios fotográficos você faz, em média, por mês, além de outras atividades ligadas ao plus size?

Vanessa – Atualmente, estou muito focada nas gravações de 3 filmes e em um evento de moda que venho produzindo. Acabei de gravar um curta metragem que estará nas telinhas em meados de dezembro. Tenho também minha própria marca de lingerie. Esses compromissos me tomam todo o tempo, acabo fazendo só algumas aparições em coroações de misses e desfilando para meus patrocinadores, sempre que posso.

M&C – Para encerrar, como você define a beleza de uma mulher? Na sua opinião, o que é ser uma mulher bonita?

Vanessa – Beleza, em minha visão, sempre foi um conjunto. Claro que a beleza física é fundamental, porém, se não houver bom humor, inteligência e elegância, o bonito fica feio.

Blog 'Marias e champanhotas'


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