28/08/2015 às 12h30min - Atualizada em 28/08/2015 às 12h30min

Incêndios já destruíram 460 mil metros quadrados no Serra da Tiririca este ano

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Incêndios já destruíram 460 mil metros quadrados na Serra da Tiririca este ano

Incêndios já destruíram 460 mil metros quadrados na Serra da Tiririca este ano

Incêndios já destruíram 460 mil metros quadrados na Serra da Tiririca este ano[/caption]

A chuva da última terça-feira veio após semanas de tempo seco, mas, quando chegou, caiu tímida, incapaz de encher meio copo d’água largado a céu aberto. A estiagem deste ano é a segunda mais intensa da última meia década e liga o alerta de incêndios nas áreas verdes. Em Niterói, desde janeiro, o fogo consumiu 460 mil metros quadrados (ou 46 hectares) de vegetação na área do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), o equivalente a cerca de cinquenta campos do Maracanã ou 1,3% de todo o parque, em 13 ocorrências entre Niterói e Maricá. A explicação para tamanha destruição é o quadro climático atual: altas temperaturas com baixa umidade e pouca precipitação, inclusive durante o verão, que fazem com que um pequeno foco se espalhe por grandes áreas.

— Uma mera fogueira em casa ou a queima de lixo, que apesar de ser proibido é um hábito comum na região, podem provocar incêndios graves — alerta o chefe do Parque Estadual da Serra da Tiririca, Alexandre Ignácio.

Além das ocorrências na área do parque, que põem em risco a vegetação nativa de Mata Atlântica, o 3º GBM (quartel do Corpo de Bombeiros de Niterói) atendeu a 341 ocorrências de fogo em vegetação este ano. 

Para evitar que o descuido de quem vive próximo da mata seja o estopim de novas devastações, o Peset tornou permanente o trabalho de prevenção de incêndios florestais. Segundo o Instituto Estadual do Ambiente, de janeiro a agosto foram 118 notificações preventivas, dirigidas a moradores do entorno da unidade, sobre atitudes que podem resultar em incêndios, como queima de lixo urbano ou lixo verde. Os 14 guarda-parques também realizam ações de educação ambiental em escolas, além da fiscalização e monitoramento no interior da unidade e no entorno.

O incêndio mais grave registrado, no entanto, aconteceu no final de julho e foi provocado por queda de balão, cuja cangalha foi localizada pelos guarda-parques. Cerca de 50 homens dos bombeiros, Inea e Ibama controlaram o fogo, mas, sem chuva, a brasa remanescente fez surgir novos focos durante duas semanas na área de Itacoatiara. Chamado de fogo em turfa — a camada abaixo do solo — este incêndio é de difícil combate porque queima lentamente e pode surgir em vários pontos diferentes. Segundo o Inea, só esta ocorrência atingiu 15 hectares, principalmente de costões rochosos, nos quais o combate é difícil devido às dificuldades de acesso.

— Os balões são os que mais preocupam e os maiores causadores de incêndio no parque. Eles podem cair numa área não habitável, no meio da mata — explica Alexandre Ignácio.

SEGUNDA MAIOR ESTIAGEM EM CINCO ANOS

Levantamento do Climatempo, com dados do Instituto Nacional de Meteorologia, dão conta de que a estação Praça Mauá (a mais próxima de Niterói) registrou apenas 421,9 mm de chuva este ano. É a segunda estiagem mais intensa dos últimos cinco anos, menor apenas do que a do ano passado, quando choveu 339mm no mesmo período. Para se ter uma ideia, em 2010, ano do deslizamento no Morro do Bumba, choveu 1.178mm de janeiro a julho. Em condições de tempo seco e quente como as atuais, a Defesa Civil do Estado recomenda cuidado até com o descarte de garrafas de vidro em áreas florestais ou beira de estrada, porque elas funcionam como lente de aumento para os raios solares, gerando calor.

Provocar incêndio em florestas ou matas é crime ambiental, com penas de prisão de dois a quatro anos. Já a pena para quem fabricar, vender, transportar ou soltar balões é de um a três anos, ou multa de R$ 1 mil a R$ 10 mil, ou ambas as penas, conforme o caso.

Nos meses típicos de soltura de balão, de abril a setembro, o projeto Linha Verde, do Disque-Denúncia, oferece a recompensa de até R$ 2 mil para informações que levem à prisão de baloeiros ou balões. Os telefones são 2253-1177 e 03002531177 (custo de ligação local).

Para permitir maior planejamento nas ações de combate a incêndios florestais, a Secretaria estadual de Defesa Civil, por meio do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), pôs no ar este mês o Mapa Dinâmico de Incêndios Florestais. A ferramenta funciona através do cruzamento de dados meteorológicos que já eram levantados pelo Cemaden — como a umidade relativa do ar, a velocidade do vento e os dados sobre as chuvas obtidos com pluviômetros — com as ocorrências de incêndio florestal registradas pelo Centro de Operações do Corpo de Bombeiros (COCB).

Diariamente, após a análise das informações, o mapa dinâmico é atualizado e exibe de forma simplificada as áreas com maior risco de incêndios.

— Como o próprio nome diz, o mapa é dinâmico. Com ele, será possível diagnosticar diariamente quais são as áreas de maior risco, por meio da observação dos dados meteorológicos e das ocorrências registradas num período de 24 horas. Além de orientar o planejamento das equipes, ele permitirá a otimização de recursos da corporação — explica o coronel Gil Kermpers, diretor do Cemaden.

De acordo com os dados do mapa, desta quinta-feira a Região Metropolitana do Rio (Niterói, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, São Gonçalo e Tanguá) registrou dois focos de incêndio e estava em estado de vigilância. A capital, por sua vez, teve 17 ocorrências. Das oito regiões do estado, a Região Metropolitana é a quarta em número de ocorrências do tipo. Foram 277 em agosto, atrás da capital (972), Baixada Fluminense (284) e Sul do estado (372).

O GLOBO

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Mapa exibe as áreas mais suscetíveis a incêndio - Reprodução.

Mapa exibe as áreas mais suscetíveis a incêndio - Reprodução.

Mapa exibe as áreas mais suscetíveis a incêndio - Reprodução.[/caption]
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