01/07/2016 às 19h57min - Atualizada em 02/07/2016 às 19h54min

Mulher que assassinou o marido asfixiado em 2011 é presa em Maricá

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Por Romário Barros- Uma mulher acusada de assassinar o marido em Novembro de 2011 no bairro de Itaipuaçu foi presa nesta sexta-feira, 01, no Fórum de Maricá. Ana Lucia Rosa Soares, de 58 anos, esteve na Vara Criminal da Comarca de Maricá e foi presa após ser constatado um mandado de prisão em aberto em razão de um homicídio ocorrido em 16 de Novembro de 2011. Ela estava respondendo em liberdade, mas acabou sendo condenada pela justiça. Segundo o registro policial, Ana Lucia é acusada de matar o companheiro identificado como Hélio Ferreira Maia, de 67 anos, em uma casa na Estrada de Itaipuaçu. Há 30 anos, quando conheceu o marido num dia ensolarado, em plena terça-feira de Carnaval, em 1981, a copeira Ana Lúcia Rosa Soares, não podia prever que a história de amor dela, com o motorista Hélio Ferreira Maia, 67, terminaria de maneira trágica, numa terça-feira chuvosa, numa pequena vila de casas, na Estrada de Itaipuaçu, em Loteamento Territorial. Ré confessa, Ana Lúcia acionou os policiais do 12º BPM (Niterói), lotados na 4ª Companhia de Maricá para contar que havia matado o marido por asfixia. Ela usou uma almofada. Do lado de fora do imóvel, vizinhos gritavam: “Assassina!” Houve até alguns que tentaram linchá-la. Conduzida à 82ª DP (Maricá), a copeira, que largou o emprego para cuidar do marido, foi autuada em flagrante por homicídio. “Quem me chamou de assassina nunca me ajudou a cuidar dele. Sofri dois anos e três meses tentando recuperá-lo de um acidente vascular isquêmico. Minha luta era constante. Fiz de tudo para que ele melhorasse. Durante uma discussão, acabei tomando essa atitude impensada que resultou na minha prisão. Nunca quis fazer mal a ele, estou arrependida”, disse Ana Lúcia, aos prantos, durante o depoimento. Tragédia anunciada- De acordo com Ana Lúcia, a família de Hélio o abandonou. “No início do ano, cansada de tanto sofrimento, o entreguei para a família dele. Mas eles o maltratavam muito e entrei com um pedido no Ministério Público para retomar a guarda. Há seis meses, ele voltou a morar comigo e estava bem. Apesar de fazer uso de cadeira de rodas e estar usando fraldas, ele estava feliz porque já conseguia ir ao banheiro sozinho. Sempre o levava para fazer fisioterapia na Associação Fluminense de Reabilitação, em Niterói. Eu também recebia acompanhamento psicológico para conseguir lidar com essa situação”, explicou Ana. Sobrinha - Uma das sobrinhas de Ana afirmou que a morte de Hélio era uma tragédia anunciada. “Minha tia sempre sofreu muito com o marido. Apesar de estar doente, ele era agressivo. Mas, nada justifica essa atitude dela. A família não irá defendê-la. Não existe defesa para esse crime. Estamos tristes com o que aconteceu. O que podemos fazer agora é tentar contato com a família dele para dar um enterro digno ao Hélio”, disse uma sobrinha, que esteve na casa da tia, na manhã de ontem, e preferiu não se identificar. História de amor e ódio- Ana Lúcia contou ter conhecido Hélio, em Realengo, na zona norte do Rio. “Foi paixão à primeira vista”. Para vê-la, o motorista ia até um campo de futebol de terra batida, próximo à casa dela, para jogar bola. Após poucos meses de namoro, os dois foram morar juntos. Na ocasião, Hélio havia saído de outro relacionamento, em que teve 11 filhos. “Foram 20 anos de relacionamento. Teve muita briga. Era ciúme. Ele me agredia”, disse. Mesmo denunciando os atos de violência à polícia, Ana Lúcia nunca pensou em largá-lo. “Eu amava esse homem. Era um ótimo marido quando estava bem. Abandonei o emprego de copeira num banco por causa dele. Para custear o tratamento dele contraí empréstimos em meu nome e no da minha mãe. Fiz o que pude para ajudá-lo na reabilitação”, lamentou.
'Você vai ter que me curar’- "Dois dias antes dessa tragédia, Hélio havia tentado se levantar e caiu, quebrando o vidro da janela. Na segunda-feira, ele caiu novamente e machucou a perna. Como disse que estava sentindo muitas dores, pedi que ele ficasse de repouso e dei um comprimido de minisulida para ele. Na terça-feira, quando saí para comprar pão, ele voltou a se levantar e foi ao banheiro sozinho. Cheguei e discuti com ele. Pedi para não fazer aquilo. Poderia agravar o seu estado de saúde (...)
(...) Minutos depois, ele disse que queria ir ao banheiro de novo. Falei para ele usar as muletas. Ele disse que eu teria que ajudá-lo. Iniciamos uma nova discussão e ele pegou no meu braço e falou: ‘você vai ter que me curar’. Quando vi, já estava com a almofada na mão e ele já desacordado. Ainda tentei reanimá-lo, mas não consegui. Telefonei imediatamente para a polícia e contei o que aconteceu. Eles me algemaram e me trouxeram à delegacia.", disse a mulher.
Entenda a doença- O acidente vascular isquêmico consiste na oclusão de um vaso sanguíneo que interrompe o fluxo de sangue a uma região específica do cérebro, interferindo com as funções neurológicas dependentes daquela região afetada, produzindo uma sintomatologia ou déficits característicos. Segundo os médicos, em torno de 80% dos acidentes vasculares cerebrais são isquêmicos.

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