05/08/2018 às 11h25min - Atualizada em 05/08/2018 às 11h36min

Rodoviários podem entrar em greve em razão da onda de assaltos a ônibus


A escalada da violência no Rio de Janeiro chega a patamares antes inimagináveis. O número de roubos a coletivos em São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Niterói chegou a 938 somente neste ano, entre os meses de janeiro e junho, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP). Relatos de motoristas apontam que os locais onde os ônibus são abordados são predeterminados pelos criminosos, que costumam agir em duplas. Em 2018, além dos assaltos, vários casos de sequestro de coletivos foram registrados. Preocupada com a segurança, a categoria ameaça fazer paralisação para cobrar providências das autoridades. A proposta será levada para reunião em assembleia. Motoristas relatam que os assaltantes têm um perfil agressivo, atacando os próprios condutores e passageiros. Apesar de cometerem a abordagem em duplas, sempre há um cúmplice em um carro de escolta para facilitar a fuga. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) enviou quatro ofícios este ano para os batalhões de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí comunicando sobre a atividade criminosa. “O que vemos é uma situação caótica, e passageiros e rodoviários estão sendo alvos para bandidos, sem que o poder público consiga conter esse absurdo. As polícias precisam se reestruturar para enfrentar essa realidade dramática, que vemos em nossas cidades cotidianamente”, salientou o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira. Diante da falta de repostas e, mais ainda, de solução, o sindicato não descarta uma mobilização, em forma de protesto ou de paralisação, contra a violência. Uma reunião será realizada entre a diretoria do Sintronac e os trabalhadores para decidir a ação. “Obviamente, esses atos do sindicato precisam de aprovação em assembleia e comunicação prévia às autoridades e à sociedade, como determina a Legislação. Mas pode ser um recurso que, infelizmente, teremos que lançar mão para alertar a todos sobre esse quadro grave a que todos somos submetidos”, explica Rubens. Ônibus que seguem para o Rio também são alvos, com ponto de embarque na Alameda e abordagem em frente ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), já na descida da Ponte Rio-Niterói. No sentido contrário, eles fazem sinal aos fundos do Into e descem na Alameda ou sequestram os coletivos e levam para favelas do Rio, como a Nova Holanda e Jacarezinho. RJ-104 e 106 O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj) identificou um aumento de 40% nos casos nas rodovias estaduais que cortam Niterói, São Gonçalo e Maricá, em relação ao ano passado. Na RJ-104, o ponto mais comum de embarque é no Km 2,5, na altura da garagem da Viação 1001. Outro local é na passarela de Tribobó, desembarcando, em seguida, em Santa Bárbara. Já na RJ-106, os criminosos costumam subir nos ônibus na passarela do Arsenal, desembarcando na área conhecida como “curva do vento”, no Km 05, ou na passarela do Arrastão, no Km 03. Outro ponto frequente de ocorrências é na passarela do Areal, onde os bandidos embarcam, anunciam o roubo e descem no Rio do Ouro ou perto de uma churrascaria, no Km 1,5. Muitos condutores também são abordados na altura da passarela do Engenho do Roçado, e os assaltantes costumam descer na passarela do Arrastão. REGISTROS A região onde foi registrado o maior aumento foi a atendida pela 75ª DP (Rio do Ouro). O número cresceu 494%, saltando de 19 no primeiro semestre de 2017 para 113 no mesmo período deste ano. Em Maricá, A Polícia Civil registrou 10 ocorrências de assaltos a ônibus na cidade no período entre janeiro e junho do ano passado. Neste ano, esse número já chega a 21, o que representa uma alta de 110%. Procurada, a Polícia Militar informou que "quase a totalidade de roubos em interior de veículos ocorre nas rodovias federais, de responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e estaduais, sob a responsabilidade do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv)", acrescentando, ainda, que os números específicos de junho diminuíram 20% na comparação entre 2017 e 2018. “O batalhão busca aumentar a ostensividade e fiscalização em ações respaldadas pelas ações da Agência de Inteligência, que vem recolhendo maiores informações com as empresas de ônibus”, finalizou a PM.
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