05/10/2018 às 21h12min - Atualizada em 05/10/2018 às 21h12min

Condenado pelo TSE por desvio de dinheiro público, Garotinho declara apoio a Romário


O Globo- Desde que teve sua candidatura barrada pelo TSE, Garotinho concentrou esforços em um recurso em Brasília, e não havia declarado apoio a outro candidato. Nessa sexta-feira, porém, o ex-governador decidiu tomar um lado e já começou a pedir votos para Romário. O senador estava em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Eduardo Paes. Garotinho também pediu votos ao senador Lindbergh (PT), que concorre à reeleição. Por outro lado, seu partido, PRP, foi contra a decisão. - Por estar do lado do povo, decid que tiro o adesivo 44 e coloco o 19, do Romário. Falei com meus advogados, eles acham que a chance de eu obter a vitória num recurso após a eleição é muito pequena. E há um risco de que esses votos que as pessoas desejam dar ao meu nome caiam como nulo, e favoreça assim o candidato de Sergio Cabral - explicou Garotinho, que falou sobre as críticas que ele costumava fazer no início da campanha chamando Romário de despreparado. - Continuo dizendo que sou mais preparado que o Romário. Mas uma coisa é falta de preparo, outra é falta de caráter e de vergonha. O outro é chefe de uma facção criminosa que assaltou o estado do Rio. Romário conversou comigo e se comprometeu com nossos programas sociais. Nos últimos dias, o ex-governador esteve em negociações não só com Romário, mas também com Índio da Costa. Assessores próximos a ele acreditavam que o candidato do PSD seria um adversário mais duro no segundo turno com Paes. Mas, de perfil centralizador, Garotinho sempre tem a última voz nas suas decisões. Uma aproximação entre ele e Romário já havia sido noticiada no início da campanha eleitoral. Ambos teriam acertado um pacto de não agressão, a fim de concentrar as críticas a Paes. Na época, eles negaram a informação. Durante a live, os comentários dos internautas estavam bastante divididos. Muitos aprovaram a aliança. Outros tantos disseram que não iriam seguir o pedido de Garotinho. O ex-governador explicou sua decisão citando o perfil de Romário - Romário é de origem humilde, do povo. Vai fazer por quem mais precisa. Ele assumiu o compromisso de encampar nossas bandeiras e olhar pelo interior. As bandeiras do Garotinho hoje são as bandeiras do Romário. Garotinho, que se disse vítima de um golpe jurídico, também pediu votos para o senador Lindbergh (PT), que concorre à reeleição. Ele reiterou seu apoio a Eduardo Lopes (PRB), com quem fez dobradinha durante a campanha. Mas orientou o segundo voto para o petista. Segundo ele, seria uma forma de evitar a vitória de Cesar Maia, seu adversário político. - O primeiro voto continuo pedindo para meu amigo Eduardo Lopes. Segundo voto para Lindbergh. Para derrotar aquele que mais me prejudicou e ao Estado, que se chama Rodrigo Maia, cujo pai é candidato a senador, Cesar Maia, e tem como aliado o homem que comanda pedaço da justiça do Rio, Luiz Zveiter (seu irmão, Sergio, é suplente de Cesar Maia. A justiça é boa, mas tem uma banda podre comandada por Zveiter. Irritação do partido Por outro lado, a direção do partido, PRP, afirmou que não aprovou a decisão. Para a presidente da sigla, Eliane Cunha, Garotinho deveria entender que o PRP tem disciplina e é "uma instituição séria": - Isso (apoio ao Romário) não significa a decisão do partido. Até porque o Garotinho não é unanimidade no Rio, no Brasil e nem no partido. É uma decisão pessoal dele, e não da instituição. A gente queria que o ex-governador entendesse que no PRP tem disciplina, ordem, e progresso. Isso não é bagunça nem o quintal da casa dele. É uma instituição seria. Tenho nada contra o Romário, mas não é o Garotinho que decide. Nossos candidatos estão indignados. Romário e Garotinho possuem perfil de eleitorado semelhante, segundo as pesquisas. Ambos têm dificuldade na capital, mas possuem bastante aceitação no interior. O perfil socioeconômico dos eleitores também é bastante parecido. Antes da decisão do TSE, Garotinho estava em subida nas intenções de voto, e Romário em queda. Nessa semana, porém, ficou claro que Romário se beneficiou com a saída de Garotinho, e está em segundo lugar, seguido por Índio, Wilson Witzel e Tarcisio Motta. Negociações durante a semana Após o último debate, da TV Globo, muitas pessoas das campanhas avaliaram que Romário já estava fazendo um aceno a Garotinho. Durante a a campanha, ele não costumava responder às críticas de Garotinho. Em uma oportunidade, porém, disse que o ex-governador não era exemplo para ninguém, pois teria sido um dos responsáveis pela falência do Rio, e citou suas prisões recentes. Há 10 dias, Garotinho teve sua candidatura barrada pelo TSE, pois foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Os ministros se basearam em duas condenações para indeferir seu registro. A primeira foi a condenação em segunda instância por improbidade administrativa, quando ele era secretário de Estado do governo Rosinha, no caso que investigava o desvio de R$ 234,4 milhões da Secretaria Estadual de Saúde. Na mesma decisão, tribunal obrigou o candidato a suspender sua campanha. Desde então, Garotinho trocou as ruas pelos lives na sua página do facebook. Normalmente, ele usava o espaço para se defender das condenações que lhe tornaram inelegível, e explicar os recursos que ele tentou - até aqui sem sucesso - em Brasília. Nessa semana, ele também fez um live em que analisava cenários políticos, inclusive nacionais, e chegou a fazer um aceno a Lindbergh, um dos petistas com quem ele mais se aproximou nessa campanha. A ausência de um posicionamento assertivo, porém, era tema de debates internos. Assessores próximos a ele acreditavam que Garotinho deveria tomar algum partido, a fim de evitar uma fácil vitória de Eduardo Paes, seu principal adversário. Logo após a decisão do TSE, membros da campanha do ex-governador foram procurados por Índio da Costa e Marcelo Delaroli, vice de Romário.
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