10/10/2018 às 10h14min - Atualizada em 10/10/2018 às 10h14min

Arqueira do Brasil na Rio 2016 pagava para treinar no CT da confederação em Maricá


Anne Marcelle dos Santos avançou até às oitavas de final na Olimpíada e dois anos depois precisa desembolsar R$ 250 mensais para treinar na área da CBTarco; atleta pediu ajuda à prefeitura
Anne Marcelle foi a nona colocada entre as mulheres no tiro com arco na Olimpíada Rio 2016. Um resultado inédito para uma modalidade praticamente sem tradição no Brasil. Dois anos depois da façanha, contudo, a jovem carioca encontra dificuldades para treinar. Mesmo sendo a melhor brasileira da história, ela e também outros atletas do alto rendimento precisam pagar caso queiram usar as instalações da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTarco) em Maricá, Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. O valor é de R$ 250 mensais ou R$ 18 por dia de treino. A entidade cita que a verba é necessária para a manutenção da área, mas, no caso de Anne, foi restritiva. "Meu material esportivo é muito caro . Se não fosse o Bolsa Atleta eu não estaria no esporte. Com esse dinheiro posso comprar meu material, que é caro. Mal sobra dinheiro para comprar coisas para mim. É muito difícil pagar material caro e ainda pagar R$ 250 para treinar todo mês. Sem falar na passagem de ônibus que pago todo dia para ir treinar" Como não tem patrocínio e recebe apenas o auxílio do Bolsa Atleta, Anne teve que abrir mão da estrutura. Para não ficar sem um lugar para treinar, acionou a prefeitura de Maricá, cidade para onde se mudou na infância, desde que deixou o Rio de Janeiro. Foi acolhida e há oito meses treina em um local conseguido pela administração pública. Para Anne, a CBTarco deveria ter como arcar com os valores para os melhores atletas do país. A CBTarco argumenta através do coordenador técnico Eros Fauni que a cobrança não é feita aos atletas convocados para treino técnico da entidade; para todos os arqueiros do país até 21 anos; para todo arqueiro na semana que antecede seletivas ou campeonatos que serão realizados no CT e ainda em circunstâncias especiais e a critério da CBTarco. Neste ano, a CBTarco recebeu através da Lei Agnelo Piva, que repassa recursos das loterias via COB o valor de R$ 2.510.700,47 milhões. Além da explicação inicial, a CBTarco diz que a cobrança é necessária para a compra de anteparos, alvos oficiais, água e demais gastos destes arqueiros, uma vez que os recursos recebidos destinam-se ao alto rendimento. E que é previsto em regulamento que ele atenda com exclusividade a seleção quando convocada para treino técnico, hipótese também comum em toda e qualquer modalidade. E que em virtude de programas especiais com entidades públicas e analisando a possibilidade de convocação de uma seleção permanente, não está recebendo atletas na hipótese questionada. "Me sinto mal, desanimada. Acho que meu desempenho nas Olimpíadas para a CBTarco não valeu a pena" Além de Anne, Marcus D'Almeida, arqueiro com os melhores resultados do país em etapas de Copa do Mundo, também precisa bancar os treinos caso queira usar a área da CBTarco. De acordo com os atletas, a seleção brasileira não conta com um técnico permanente. Sendo assim, ao menos até setembro, nunca existem convocações para treinos específicos. E que os técnicos são convocados de acordo com o calendário de competições, sendo que nem sempre o profissional é o mesmo sempre. Assim, a teoria dita pela CBTarco para o uso do CT não funcionaria na prática.
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