19/03/2019 às 16h43min - Atualizada em 20/03/2019 às 13h16min

Delação inédita de empresário do setor de iluminação pública envolve Delaroli e outros políticos

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou no ano passado um acordo de delação premiada do empresário Paulo Roberto de Souza Cruz, que atua na área de iluminação pública no Rio de Janeiro. Em documento de seis páginas sob sigilo, Barroso trata do possível envolvimento de quatro políticos do Rio de Janeiro em crimes. Eis os dois trechos principais da homologação do acordo:

“Narra à PGR que o acordo foi celebrado a partir de investigações no Rio de Janeiro, destinadas a apuração de crimes licitatórios e de corrupção, por agentes locais. Nestas investigações surgem elementos que indicavam a participação de parlamentares federais. Aduz ainda, que Paulo Roberto de Souza Cruz, denunciado em ação penal que tramita perante a 5ª Vara Criminal de São Gonçalo, manifestou interesse em celebrar acordo de colaboração premiada e, nos depoimentos prestados, apontou a existência de prática de crimes por parlamentares federais.”

“Dos documentos juntados ao presente pedido é possível constatar que há elementos indicativos de possível envolvimento de autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante esta Corte, a exemplo dos deputados federais Dejorge Patrício, Marcelo Delaroli, Rosângela Gomes e Walney Rocha, o que atrai a competência do Supremo Tribunal Federal para homologação do acordo.”

Paulo Roberto da Souza Cruz é dono da empresa Compilar e foi alvo da Operação Apagão em 2017. Na ocasião, o Ministério Público Estadual do Rio o acusou de participar de uma organização criminosa que fraudou licitações no município de São Gonçalo na gestão do ex-prefeito Neilton Mulin (PR). Souza Cruz também foi acusado de fraudes no interior do estado, como na cidade de Silva Jardim.

Como a delação foi homologada em 2018, todos os nomes foram tratados como deputados federais por Barroso. Alguns dos citados, no entanto, estão em outras posições atualmente.

Dejorge Patrício e Rosângela Gomes são filiados ao PRB. O primeiro tem carreira política mais recente. Foi eleito vereador em São Gonçalo em 2014 e assumiu o cargo de deputado federal em 2017, quando Clarissa Garotinho tornou-se secretária de Marcelo Crivella na prefeitura do Rio. Neste momento, Dejorge consta como segundo suplente no Congresso. Desde 2000, Rosângela já passou pelo cargo de vereadora e deputada estadual. Na legislatura passada, conquistou espaço na Câmara, e acabou se reelegendo com mais de 63 mil votos.

Marcelo Delaroli é do PR. Foi candidato a vice de Romário na corrida pelo Palácio Guanabara em outubro, mas acabou nem chegando ao segundo turno. Atualmente, trabalha com Onyx Lorenzoni na Casa Civil, tratando da articulação política no governo Jair Bolsonaro. Walney Rocha, do Patriota, foi vereador desde os anos 90 em Nova Iguaçu, passou pela Assembleia Legislativa do Rio e teve dois mandatos consecutivos como deputado federal a partir de 2010. No ano passado, não se elegeu.

As informações são do jornalista Thiago Prado da Revista Época.

CONTRAPONTO
Delaroli colocou uma nota em seu Facebook pessoal.

“ Como diz a sabedoria popular, ninguém taca pedra em árvore que não dá fruto. O jogo sujo da velha política começou cedo desta vez, logo após o partido me anunciar como pré-candidato a prefeito do Rio, surge uma notícia sem pé nem cabeça. Surpreendente porque não tenho e nunca tive qualquer relação com nada ilícito. Ser ficha limpa incomoda muita gente”, disse.

Walney Rocha, Rosângela Gomes, Dejorge Patrício e Marcelo Delaroli Foto: Agência O Globo



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