26/07/2010 às 23h48min - Atualizada em 26/07/2010 às 23h48min

Registros de crimes contra homossexuais estão cada vez mais constantes em todo o País, principalmente em Niterói, SG e Maricá.

Os números comprovam e os recentes casos assustam. Os registros de crimes contra homossexuais estão cada vez mais constantes em todo o País, principalmente em Niterói, São Gonçalo e Maricá. No ano passado, foram assassinados, no Brasil, 198 homossexuais, nove a mais que em 2008, quando foram registradas 189 mortes. Se comparado a 2007, o aumento foi de 61%, com 122 casos.

Segundo o superintendente de Direitos Individuais e Coletivos da Secretaria Estadual de Assistência Social (SEASDH), Cláudio Nascimento, a cada dia um homossexual é morto no País.

Enquanto isto, nas cidades da Região Metropolitana do Rio, agressões e assassinatos contra os homossexuais figuram nos noticiários. Desde o início do ano, foram quatro homicídios praticados, supostamente, por homofobia. Mas nem tudo parece tão preocupante. O Estado do Rio, que antes ocupava o 3º lugar no ranking em assassinatos de homossexuais, caiu para a 7ª posição.

“Ainda não existem motivos de comemoração, temos muito trabalho a fazer e melhorar as condições de vida da comunidade homossexual. As diferenças precisam ser vistas como instrumento de conhecimento e não ódio e repúdio”, declarou o superintendente.

O representante acrescentou ainda que em agosto será inaugurado, na SEASDH, um Núcleo de Monitoramento de Crimes Homofóbicos, que tem por objetivo garantir a apuração dos crimes contra homossexuais.

“Os crimes sempre existiram, a diferença é que, agora, estão sendo mais divulgados. Acenderam a ‘emergência’ na imprensa, nas políticas públicas e na própria comunidade”, considerou.

O superintende argumenta que não vê necessidade de implantação de delegacias especializadas para homossexuais, como por exemplo, a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), entre outras. Militantes de grupos homossexuais discordam.

“Casos muito graves acontecem todos os anos e isso traz graves reflexos para Niterói. A criminalização da homofobia precisa ser aprovada. O Projeto de Lei Federal (PLC 122) contra o racismo foi alterado para o preconceito de homossexuais, mas ainda não foi aprovado. Também necessitamos de uma unidade especializada para cuidar dos casos”, opinou Vitor Dewolf, diretor do Grupo Diversidade de Niterói (GDN).

A implantação é defendida pelo delegado titular da 72ª DP (Mutuá), Geraldo Assed, que investiga dois supostos crimes de homofobia em São Gonçalo. Em julho deste ano, o adolescente Alexandre Ivo Rajão, de 14 anos, foi assassinado, enquanto na úlima segunda-feira, Gilnei Lopes Carvalho, de 35 anos, morreu com um tiro na cabeça depois de voltar da 7ª Parada Gay de São Gonçalo.
“Já existem ferramentas para trabalharmos para darmos prioridade a crimes de homofobia, mas se for para melhorar e acelerar os trabalhos, será um passo importante”, disse o delegado.

Travestis mais expostos

Das 198 vítimas assassinadas em 2009, 117 seriam gays (59%), 72 travestis (37%) e 9 lésbicas (4%). Os dados são do Grupo Gay da Bahia (GGB), que coleta informações de todo o Brasil. Segundo o grupo, o risco de um travesti ser assassinado é 262 vezes maior que um gay. Nos dois primeiros meses de 2010, ainda de acordo com GGB, já foram documentados 34 homicídios contra homossexuais.

Estatísticas estas que o estudante Ferruccio Silvestro, de 21 anos, não quer fazer parte. Em 2007, o rapaz quase foi morto por três jovens após sofrer diversas agressões na cabeça na Praça Leoni Ramos, em São Domingos, Niterói. O episódio aconteceu na saída de um bar destinado ao público homossexual.

O jovem, que acabou adquirindo um coágulo no cérebro benigno, agradece por ter sobrevivido e lamenta não ter dado continuidade às investigações policiais.

“Foi um trauma que não desejo para ninguém, mas sinto que podia ter feito mais. Podia ter os colocado atrás das grades. Sei que levaram um baita susto, mas por pedido dos meus familiares optei em ir para São Paulo e esquecer o assunto”, contou.

Os três jovens suspeitos da agressão a Ferruccio ainda seriam frequentadores da Praça, o que, vez ou outra, proporciona um encontro forçado entre a vítima e os supostos algozes.

“Nos esbarramos com frequência e sinto que eles nem olham na minha cara. Acredito que tenham se arrependido”, avaliou.

Revolta dos skinheads

Atuante no combate à homofobia, o Grupo Gay Atitude de São Gonçalo denuncia a organização de skinheads na cidade.

“Eles estão em todo o País e no mundo. Muitos são bonitos e fazem das vítimas presas fáceis. São pessoas instruídas, formadas de classe média. Em muitas vezes, familiares estimulam a ideologia dentro de casa”, declarou o vice-presidente, Aloísio Reis.

O delegado Assed confirmou a existência do grupo, e informou que alguns já foram identificados.

“Eles se manifestam através da internet, pregando o ódio e repúdio. Normalmente a linha entre agressor e agredido é muito perigosa”, avaliou.


O Fluminense


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