09/01/2021 às 22h06min - Atualizada em 11/01/2021 às 09h23min

Famílias retratadas nos banners de Maricá falam de superação

Outdoors da campanha Natal Solidário e Consciente de Maricá estão distribuídos pela Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106) de Itaipuaçu à Ponta Negra, onde ficarão até o dia 31/01. Retratam histórias de superação e esperança das personagens ali expostas.

Aos 40 anos, André Luiz Silva estava cheio de planos em julho, quando chegou ao Brasil. Voltava de Portugal, onde morou por um ano e meio com a esposa Fabiana (36 anos) e o filho André Lucas (11 anos). Mudou-se para Itaipuaçu. Só saia de casa para caminhar na praia, bem cedo. Um mês depois, sua vida mudou.

“Foram sete dias de febre, diarreia e vômito. Achava que estava com pneumonia. Fui ao posto de saúde, tomei os remédios e não adiantaram. Comecei a ter sensações de desmaio, como se fosse morrer. Fui para a UPA e o médico me avisou que ia me internar, porque eu estava com 75% do pulmão comprometido. Entrei em desespero”, lembrou o comerciante.

“Na manhã seguinte, recebi uma ligação do médico e um de vídeo que eles fazem para que a gente tenha notícia do paciente. Vi e falei com o André. A médica disse que ele só ficaria para observação, mas no segundo dia, a ligação não veio. À noite, o médico me ligou dizendo que o André não estava respondendo às manobras, que seria entubado e colocado em coma induzido. Eu não acreditava”, contou Fabiana.

Foram 42 dias de internação, 21 dias no CTI, duas paradas cardíacas, trombose na perna direita, muitos quadros infecciosos e inflamatórios, saturação em 70%, anticoagulante, noradrenalina e traqueostomia.

“Quando eu acordei, a enfermeira disse que estávamos em setembro. Levei um susto. Tinha entrado no dia 26/08. Não ficava mais em pé. Vi muitos profissionais chorando no meu leito, dizendo que eu era um milagre e eu não entendia o porquê. O carinho de todos ali era muito grande. Eles largam suas famílias para cuidar de pessoas estranhas tendo o risco de se contaminar. Isso é um marco que eu vou levar para o resto da minha vida”, declarou André, garantindo que neste Natal o sentimento é de gratidão. “Superação, recuperação e agradecimento, porque eu estou reaprendendo a andar. Entrei em casa numa cadeira de rodas”, revelou.

Morador de Ubatiba, o pastor Elizier José da Silva (66 anos) tomava todos os cuidados para não pegar coronavírus, mas precisou ajudar um rapaz que havia sofrido o quarto infarto, ficado hospitalizado e estava impedido de se locomover sozinho. “Quando ele foi para casa, eu o peguei na cama e coloquei na cadeira de rodas. Depois ele precisou ir para o hospital novamente, foi quando constataram que estava com Covid-19. Eu fiquei preocupado e sete dias depois comecei a sentir os sintomas”, lembra.

Quando chegou ao Hospital Municipal Conde Modesto Leal, no fim de setembro, estava positivo, com 40% dos pulmões comprometidos. Ficou internado por dez dias no Hospital Dr. Ernesto Che Guevara. “Graças à Deus eu fui para um hospital de primeiro mundo. O pessoal lá coloca amor mesmo para cuidar da gente. Não falta nada. Você aperta um botãozinho, logo chegam dois, três para te socorrer. Além disso, todos os dias, a assistente social fazia uma vídeo chamada para a minha família. Isso era muito confortador, tanto para mim, por estar no hospital, quanto para minha família, que não podia estar comigo, por ser uma doença contagiosa”, declara Elizier, que agora faz aniversário duas vezes por ano.

Para Shirlene Gomes (40 anos) e o marido Renato Souza (31 anos), a filha Emanuelle (3 anos) é seu bem maior. Aos três meses de vida, num exame de rotina, o mundo da família, que mora no Flamengo, desabou. Eles descobriram que a pequena era cardiopata.

“Foi uma sensação péssima que eu não desejo pra mãe nenhuma. O chão da gente abre, não tem muito o que fazer. Ela foi internada duas vezes, passou 16 dias tomando antibiótico. Pensei que minha filha não fosse sobreviver”, revelou a mãe.

A pequena operou com um ano e quatro meses, em fevereiro de 2019. Uma cirurgia de coração com peito aberto. Mas hoje, a menina está recuperada.

“Eu evito sair com a Manu por causa de tudo que ela teve, mas esse poderia ser um Natal completamente diferente. Eu poderia estar chorando, sem ela. Por isso é motivo de agradecer, de comemorar a vida. Porque eu tive uma oportunidade que muitas mães não tem”, avalia Shirlene.

“A vida é muito preciosa e a gente vê, com essa pandemia, que ela acaba em questão de 20 dias, uma semana. Então, valorize a vida, brigue menos, reclame menos. A família está em primeiro lugar”, completa Renato.

É esse sentido de amor em família que José Bonfim da Silva Júnior, 50 anos, sempre tentou passar para amigos e estranhos. Cresceu vendo o pai distribuir alimentos e brinquedos em uma Kombi para moradores de uma comunidade carente de Niterói. Há 15 anos morando na cidade, Júnior escolheu São José do Imbassaí para, ao lado da esposa Carla criar as duas filhas menores. Ele tem outros dois filhos do primeiro casamento, a Juliana e o João Pedro.

“Em 1998 eu ainda não tinha filhos, mas tive a ideia de fazer o Papai Noel para a minha família. Somos cinco irmãos e minha mãe sempre foi muito ligada à família, que é grande. A casa ficava cheia de criança. Quando elas viam o Papai Noel, os olhos brilhavam”, declarou.

Os anos se passaram, as crianças cresceram. Os sobrinhos começaram a perceber que o tio sumia antes do Papai Noel chegar e reaparecia depois. A roupa e o saco de presentes acabaram no armário. Até que Júnior resolveu se fantasiar para a filha Sofia (8 anos). Como ela chorou muito, ele desistiu da ideia. Seis anos se passaram e a Maitê, de 5 anos, não conheceu o bom velhinho. Em meio à pandemia, porém, as memórias voltaram, assim como a vontade de trazer de volta um dos símbolos do Natal, Papai Noel.

“Uma vez aconteceu um fato engraçado. Eu estava na casa da minha irmã, num condomínio. Não tinha cerca na frente das casas. Saí uns 15 minutos antes da meia noite para colocar a roupa e entrar pela porta principal. Um vizinho me viu, começou a gritar que o Papai Noel tinha levantado da cadeira e correu para chamar a família. Apareceu a família dele, a minha e mais um monte de vizinhos. Foi aquela confusão, mas um Natal maravilhoso. E eu acabei entregando todos os presentes”, conta Júnior, antes de continuar:

“A gente não pode fazer com que essa pandemia mate os nossos sonhos. Temos que continuar sonhando com o Natal, os presentes e a reunião das famílias. Esse ano foi maravilhoso por causa dessa coisa da gente se unir mais, amadurecer e crescer. Para muitas famílias teve desastres e notícias ruins, só que precisamos ter esperança e amor”, explica o Papai Noel que dá vida aos banners de Maricá e traz alegria para as pessoas.


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