05/08/2013 às 18h48min - Atualizada em 05/08/2013 às 18h48min

Quaquá decide cancelar contrato de R$ 2,1 milhões com empresa de segurança

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Washington Quaquá, prefeito de Maricá Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Washington Quaquá, prefeito de Maricá Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Washington Quaquá, prefeito de Maricá Marcelo Carnaval / Agência O Globo[/caption]

O GLOBO- O prefeito de Maricá, Washington Quaquá, do PT, decidiu nesta segunda-feira cancelar o contrato de R$ 2,1 milhões com a Guepardo Vigilância e Segurança Empresarial Ltda para fornecer segurança particular a ele, à família e ao vice-prefeito, professor Marcos Ribeiro, também do PT. Pelo contrato, a empresa disponibilizaria 24 homens armados. A informação foi confirmada por Quaquá cinco dias depois de O GLOBO revelar a contratação, por licitação, da Guepardo pela prefeitura. O ato será publicado no Diário Oficial do município nesta quarta-feira.

Na semana passada, o Secretário-geral do PT e candidato a presidente nacional do partido, o deputado Paulo Teixeira (SP), cobrou que o diretório regional do Rio investigue se o prefeito de Maricá estaria usando a máquina da prefeitura para comprar votos e se eleger presidente estadual do partido, em novembro. Conforme revelou O GLOBO, Quaquá nomeou, desde abril, 78 filiados do PT de fora da cidade para cargos de confiança em sua administração, além de 54 petistas do próprio município, segundo cruzamento feito entre o Jornal Oficial de Maricá e os registros de filiação partidária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ainda nesta segunda-feira, Washington Quaquá enviará um ofício ao governador do Rio, Sérgio Cabral, e à Secretaria Estadual de Segurança Pública pedindo proteção da Polícia Militar. O prefeito, no entanto, deixará a PM definir o número de policiais a ser fornecido. Um das justificativas de Quaquá para contratar os seguranças era justamente porque o governo estadual não havia atendido ao seu pedido, em 2008, logo após ser eleito para o primeiro mandato. O petista alegava ter recebido ameaças de morte.

— Diante da repercussão da reportagem, a Secretaria de Segurança deu a entender que eu não formalizei o pedido de segurança. Então, estou formalizando agora, mesmo já tendo feito isso em 2008. E, consequentemente, vou cancelar o contrato com a empresa. Enviei uma carta ao governador Cabral explicando a situação — disse Quaquá ao GLOBO.

Na semana passada, a Secretaria de Segurança Pública confirmou que Quaquá solicitou os PMs. Mas argumentou que o prefeito não fora atendido porque não registrou as supostas ameaças na delegacia, procedimento exigido pelo governo do estado. O dinheiro público repassado à Guepardo, que tem sede em Niterói, na Região Metropolitana, bancaria a segurança de Quaquá durante 24 horas por dia. Por mês, o município iria desembolsar cerca de R$ 173 mil para evitar que o prefeito de Maricá fosse vítima de qualquer ataque.

Agora, sem os seguranças particulares, Quaquá diz que recorrerá a “amigos policiais” protegê-lo até o estado decidir se fornece ou não ao prefeito os policiais militares.

— Meus amigos policiais vão ajudar, por enquanto. Mas, vou ficar descoberto — avisa Quaquá.

Na Ordem de Paralisação do serviço, assinada pelo chefe de gabinete de Quaquá, Kleber Ottero, nesta segunda-feira, a justificativa para o cancelamento do contrato com a Guepardo considera, entre outras coisas, “a necessidade de avaliar o equilíbrio econômico financeiro da execução orçamentária de 2013” e “a queda e a frustração na arrecadação dos últimos meses”

Um dos sócios da Guepardo, Cristiano Lobo, diz ter sido pego de surpresa com a decisão de Quaquá.

— Vou ligar para ele (Quaquá) e saber o que realmente houve. Não estou sabendo de nada. Mas, claro, fico surpreso porque participei de uma licitação. Não fui convidado. Participei de uma licitação com outras empresas. Primeiro, quero saber o que aconteceu para, depois, ver se entro ou não na Justiça — disse Lobo.

Depois da reportagem do GLOBO, Quaquá reagiu. O prefeito atribuiu à denúncia a um fogo amigo dentro do próprio PT do Rio. Segundo ele, há interessados dentro da legenda em boicotar sua candidatura à presidência regional da sigla, em novembro. Do grupo, citou apenas o nome do vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice.

— Essas denúncias têm uma origem: é do PT. É a disputa interna. Um grupo de burocratas do PT do Rio que tem se incomodado pelo fato de eu ser candidato à presidência estadual do PT — disse Quaquá, na última quinta-feira.

No PT, Quaquá integra a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB). Disputa poder com a deputada federal Benedita da Silva, que também é candidata à presidência do diretório regional e tem a simpatia do senador Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo do Rio em 2014. Cantalice faz parte da CNB e apoia Benedita. O atual presidente, Jorge Florêncio, é o outro candidato, mas pertence a mesma corrente.


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