27/09/2018 às 15h19min - Atualizada em 28/09/2018 às 18h17min

Em Maricá, crianças ganham doces no Dia de São Cosme e São Damião


Trafegar por algumas ruas de Maricá nesta quinta-feira (27), tem sido uma verdadeira manobra. Em Itapeba, por exemplo, os motoristas estão trafegando com maior atenção. “Estamos na rua desde às 8 horas da manhã. Saí para correr atrás de doces junto com meu irmão, de 6 anos. Até agora, peguei doces em apenas três lugares. Adoro os bombons que vem nos saquinhos, mas até esta manhã não peguei nenhum”, contou Daniel Martins, 9 anos, ao esperar em uma sombra um carro passar fazendo a distribuição dos doces. Daniel era um dos que compunham um total de 15 crianças e adolescentes que se arriscavam pelas ruas em busca das guloseimas. Eles revelaram ao Lei Seca Maricá que tinham hora para sair de casa, mas para o retorno não. “Não sabemos se voltamos para casa para almoçar. Marcamos de sair às 07 horas, mas não definimos o retorno, pois enquanto estiverem soltando fogos, estamos na rua. Assim aproveitamos melhor o horário para tentar pegar maior quantidade de doces”, disse a adolescente Flávia Dias, 14 anos. Os motoristas param com seus carros e distribuem os “saquinhos” (como são chamadas as ofertas de São Cosme e São Damião). As crianças correm, as filas se formam. “Há mais de 11 anos distribuo doces para as crianças nesta data. Todos os anos faço 200 saquinhos recheados de balas, pirulitos, chicletes, chocolates, procuro tudo que é de primeira, pois tenho muita fé nos santos. Nesse ano, quem realizou a oferenda foi meu filho, pois ele fez uma promessa, um pedido de saúde, e foi atendido. Durante sete anos, ele entregará os doces às crianças. Acabando as promessa dele, eu continuarei a distribuir os doces enquanto estiver vivo, assim como faço há 10 anos”, contou o coordenador de transportes, José Pereira, 52 anos. Entre a criançada, é possível encontrar pais que largam todo o dia de serviço para se dedicar à correria atrás de doces com as crianças, como fez a dona de casa Rogeria Delgado, 31 anos. “Todos os anos sempre faço questão de sair na rua com meus filhos, pois há muito risco de carro, de empurra-empurra nas filas e eles podem se machucar. Muitos pais têm vergonha de sair às ruas com os filhos e soltam as crianças sozinhas. Venho porque acredito na tradição e prefiro cuidar pessoalmente de meus filhos. Essa é uma festa que não encontramos em qualquer lugar, é uma tradição de Corumbá e temos que nos orgulhar de nossas raízes culturais”, enfatizou a dona de casa. Os santos- São Cosme e São Damião, os santos gêmeos, morreram em cerca de 300 d.C. Sua festa é celebrada em 27 de setembro. Somente a igreja Católica comemora no dia 26 de setembro, pois segundo o calendário católico, o dia 27 de setembro é o dia de São Vicente de Paulo. Conta-se que eram sempre confiantes em Deus, que oravam e obtinham curas fantásticas. Também foram chamados de "santos pobres". A partir do século V os milagres de cura atribuídos aos gêmeos fizeram com que passassem a ser considerados médicos. Mais tarde, foram escolhidos patronos dos cirurgiões. Segundo a crença popular apareceram materializados depois de mortos, ajudando crianças que sofriam violências. Ao gêmeo Acta é atribuído o milagre da levitação e ao gêmeo Passio a tranqüilidade da aceitação do seu martírio. Relação com as religiões afro-brasileiras- O dia de São Cosme e Damião é celebrado também pelo Candomblé, Batuque, Xangô do Nordeste, Xambá e pelos centros de Umbanda onde são associados aos ibejis, gêmeos amigos das crianças que teriam a capacidade de agilizar qualquer pedido que lhes fosse feito em troca de doces e guloseimas. O nome Cosme significa "o enfeitado" e Damião, "o popular". Estas religiões os celebram no dia 27 de setembro, enfeitando seus templos com bandeirolas e alegres desenhos, tendo-se o costume, principalmente no Rio de Janeiro, de dar às crianças (que lotam as ruas em busca dos agrados) doces e brinquedos.

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