23/03/2011 às 02h54min - Atualizada em 23/03/2011 às 02h54min

Cidade de São Gonçalo com medo dos mosquitos da dengue de Maricá

Uma ameaça ‘externa’ formada for ‘falanges aéreas’ de mosquitos da dengue nascidos em criadouros clandestinos de Maricá, Magé e Itaboraí colocou o Departamento de Zoonoses, Vigilância Sanitária e Saúde Ambiental de São Gonçalo em estado de alerta.

O alto nível de proliferação de Aedes Aegypti nessas cidades mobilizou as ‘tropas’ gonçalenses de mata-mosquitos que foram deslocadas para as divisas do município com essas cidades para combater o ‘inimigo’.

O poder de fogo do ‘exército’ da dengue foi ‘rastreado’ pelos ‘serviços de inteligência’ da saúde pública. Comparando os dados do primeiro trimestre de 2010 ao mesmo período de 2011, o número de casos de dengue cresceu 2.850% em Maricá. Em Itaboraí, está 35,55% acima do normal e, em Magé, os dados foram superiores aos 10 mil%. São Gonçalo apresentou situação preocupante, porém, mais tranquila, já que houve aumento de 17% dos casos de dengue em relação às cidades vizinhas.

Apesar da relativa tranquilidade, o que muitos não sabem é que, se a política de combate ao mosquito em municípios vizinhos não for eficiente, os números de casos em São Gonçalo pode aumentar drasticamente, já que o Aedes Aegypti pode migrar para bairros gonçalenses que fazem divisa com os bairros de cidades que estão em estado de alerta.

Ataque – A iminência de um ‘ataque’ de Aedes mageenses, maricaenses e itaboraienses à população de São Gonçalo foi admitida pelo biólogo Jair Rosa Duarte, consultor da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas (ABCVP).


Ele acredita que municípios vizinhos com infestação de Aedes Aegypti contribuam para uma possível epidemia em São Gonçalo, caso não haja uma política eficaz de combate ao mosquito. Considerando que o Aedes tem um voo curto em seu período de vida – de aproximadamente 800 metros – e a cada ponto deste pode colocar seus ovos, o perigo de aumento de casos de vítimas da dengue em São Gonçalo nos próximos dois meses é grande. “Se levarmos em consideração que bairros vizinhos apresentam focos em distâncias curtas, a possibilidade de um aumento nos números de casos no município gonçalense é assustadora”, declarou.

O avanço territorial do Aedes Aegypti foi explicado por Jair:
“O Aedes aegypti põe seus ovos em recipientes artificiais e podem ficar secos por mais de um ano. Eclodindo suas larvas quando entram em contato com água, são levados pelo próprio homem, colonizando rapidamente novas localidades. É importante ressaltar que o vírus do dengue é levado pelas pessoas infectadas para outras cidades, estados e países. Existindo infestações por Aedes aegypti nesses locais a transmissão é certa. Por essa razão, em uma época de grande facilidade de viagens e transportes, o mosquito e o dengue alcançam grandes distâncias”, detalhou.

Combate – As autoridades locais estão de ‘prontidão’ e, para isso, desenvolvem trabalhos específicos de bloqueios para evitar a ‘invasão’ do território gonçalense. O trabalho de combate ao mosquito tem se intensificado em São Gonçalo. De acordo com o diretor do Departamento de Zoonoses, Vigilância Sanitária e Saúde Ambiental, Jorge Luiz, a preocupação com a migração dos mosquitos de outros municípios é combatida com vigor na cidade.


“Estamos de prontidão. Temos equipes especializadas trabalhando nas divisas para evitar que os índices de São Gonçalo aumentem devido a mosquitos vindos de regiões vizinhas. Procuramos desenvolver parcerias com estes municípios para evitar a proliferação do Aedes Aegypti. Não podemos descansar e contamos com o apoio da população para o combate ao mosquito”, declarou.

Surpresa – A reportagem de O SÃO GONÇALO visitou dois bairros de cidades vizinhas, um em Maricá e outro em Itaboraí. Em Maricá, o bairro de Inoã, situado a sete quilômetros de Rio do Ouro, em São Gonçalo, um terreno baldio com restos de entulho e diversos materiais que podem se tornar focos de larvas do Aedes Aegypti. Nos bairros vizinhos a Maricá e Itaboraí, a população gonçalense está preocupada com o avanço dos mosquitos estrangeiros.
“É sério mesmo? Pensei que o mosquito não voasse tão distante. Quando a gente pensa que estamos cuidando bem do nosso quintal, vem agora outro problema. Estou preocupada”, disse a técnica em enfermagem, Iolanda de Paula, 45 anos, moradora de Rio do Ouro. “Estou surpresa, nunca imaginei isso. Temos uma visão pequena do problema, mas espero que todos façam sua parte para não haver mais contaminados”, falou a secretária, Célia da Silva, 38 anos, moradora de Marambaia.


Inoã é o principal bairro com foco de dengue em Maricá


Epidemia – À beira de uma epidemia de dengue, a Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro adotou medidas para tentar conter o avanço da doença. Na última quarta-feira (16), foi criado o Painel de Acompanhamento da Dengue. A nova ferramenta disponibiliza informações como o número de casos notificados, taxa de incidência da doença, óbitos confirmados e também dos registros de atendimentos realizados pelas UPAs de todo o estado. No Rio de Janeiro, quatro cidades apresentaram situação crítica, entre elas está Magé, onde os índices atingiram um aumento de 10.423% em casos.

Para o assessor técnico da subsecretaria de vigilância em saúde, Mário Sérgio Ribeiro, a dengue é uma doença que deverá compor o cenário brasileiro por aproximadamente 10 anos, somente o surgimento da vacina antidengue o problema poderá ser erradicado, mas políticas de combate ao mosquito envolvendo a iniciativa privada, o poder público e a população, são capazes de minimizar a situação. Segundo o assessor, o avanço da dengue em todo o país se deve ao fato de que há pelo menos 20 anos a população do Rio não convivia com essa variação do vírus do tipo 1.

O São Gonçalo / GSV


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