20/01/2019 às 17h19min - Atualizada em 21/01/2019 às 10h22min

Compra de armas liberadas para moradores de Maricá, Niterói e São Gonçalo


Um dos pré-requisitos para quem pretende comprar uma arma de fogo é facilmente superado no Leste Fluminense. O decreto que flexibiliza a posse de armas, assinado pelo presidente da República Jair Bolsonaro (PSL), na última terça, garante o direito de compra de armamentos para residentes de áreas rurais e de cidades com taxa igual ou superior de 10 homicídios a cada 100 mil habitantes. Neste sentido, os moradores de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá que tiverem interesse na compra de armas, já contam com justificativa plausível para realizarem a compra. As quatro cidades ultrapassam – de longe – a taxa mínima requerida pelo decreto. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) do último ano apontam que em Itaboraí, por exemplo, a taxa ultrapassa em mais de cinco vezes o requerido: em 2018, o índice chegou a 55 homicídios a cada cem mil habitantes. Em São Gonçalo, segundo município da região com a maior taxa, a situação não é diferente. Em 2018, a cada cem mil habitantes, 48 foram vítimas de homicídio. Maricá, por sua vez, alcança o índice de 42, enquanto Niterói, cidade com menor taxa entre as quatro, com 38, quase alcança quatro vezes mais do que o necessário. Com estes indicadores, não é difícil de imaginar por que cidadãos têm procurado se armar. Em menos de uma hora na loja de armamentos Palomar, que funciona há 70 anos na Rua da Conceição, no Centro de Niterói, foi possível constatar cerca de 10 pessoas interessadas em adquirir revólveres ou pistolas. Um comerciante proprietário de uma loja na Rua Presidente Backer, em Icaraí, Zona Sul de Niterói, que já teve o estabelecimento assaltado, foi um dos interessados. Na loja, ele empunhou um revólver calibre 38, gostou e já estuda comprar para sua defesa pessoal. “Armados, não ficamos à mercê dos vagabundos. Gostei do revólver, pretendo comprar para minha segurança e dos meus funcionários. Uma vez, um assaltante entrou em nosso comércio e levou. Se eu tivesse uma arma, atiraria nele”, declarou. Outro empresário, que pretende ter uma pistola em sua residência, afirmou que, apesar de ter tido seu primeiro contato com armas na oportunidade, comprará a sua neste mês. “Com esta medida (decreto presidencial), achei importante ter a posse da arma na minha casa. Para proteger minha família. Vou comprar uma pistola. Se você vier na loja daqui a 30 dias, você verá meu nome como comprador, se Deus quiser”, afirmou. Para Ozéas Lopes, especialista em processo penal de organizações criminosas e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), civis não possuem capacidade de reação apurada como agentes de segurança e até mesmo criminosos. “Policiais e criminosos vão para a rua preparados para o enfrentamento. No fim das contas, uma pessoa despreparada não tem a menor condição de reação. Isto é uma falácia. Este decreto serve apenas para atender aos interesses da indústria bélica. Me assusta, inclusive, quando vejo autoridades do Governo Federal comparando uma arma de fogo com um liquidificador [referindo-se ao ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni]. Prevejo um acréscimo grande de mortes nos próximos anos”, afirmou.

As informações são do Jornal O Fluminense


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