Tribo foi para área particular em Maricá. Funai quer oficializar instalação.
[caption id="attachment_14825" align="alignleft" width="300"]Após sete anos de ocupação numa área de reserva ambiental em Camboinhas e de convivência conflituosa com a vizinhança, os índios guaranis finalizavam, na última semana, o processo de transferência da Aldeia de Sementes para uma área privada de 93 hectares no distrito de São José do Imbassaí, em Maricá.
— Aqui fizemos amigos, mas, além de restrições, como a proibição de construirmos mais ocas, a pressão para nos tirar daqui sempre foi grande — diz o cacique Darci Tupã, citando um incêndio ocorrido na aldeia em 2008 como uma das tentativas de expulsar a tribo da região, sob a qual há um sambaqui, conforme afirmam os indígenas.
De acordo com o coordenador técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Rio de Janeiro, Cristino Machado, a regularização fundiária do novo espaço ocupado pelos índios em Maricá será debatida dentro do órgão, nos próximos dez dias, a fim de viabilizar a criação de uma reserva indígena no local.
— Fomos chamados para intermediar a questão. Um técnico veio de Brasília para cá, produziu um relatório que será apreciado com o objetivo de solucionar tudo — explica Machado, que esteve na aldeia na última quarta-feira.
Enquanto a regularização da nova ocupação é debatida, a transferência dos índios foi bem-vista pelo presidente da Sociedade Pró-Preservação Urbanística e Ecológica de Camboinhas (Soprecam), Stuéssel Amora, que articula a recuperação do bioma da região:
— É muito positivo eles desocuparem o que não deveria ser ocupado, pois trata-se de uma área de preservação. Agora, continuaremos nossos esforços para restaurarmos toda a restinga de Camboinhas.
Em nota, a prefeitura de Maricá informou que embora a ocupação dos índios na cidade ocorra numa propriedade privada, o município se ofereceu como mediador, chegando a sugerir três áreas públicas — nos bairros de Bambuí, Ponta Negra e Caxito — para a reinstalação dos guaranis. Diante da negativa dos indígenas, o governo municipal “apenas acompanha a questão, que deverá ser resolvida entre os proprietários do terreno, a Funai e a tribo”.
Proprietária da área, a IDB Brasil classificou a ocupação dos índios como invasão, uma vez que tem documentação legal do terreno e jamais foi notificada sobre qualquer decisão capaz de legitimar a iniciativa. A empresa ressaltou, entretanto, estar em contato com a Funai e com a prefeitura de Maricá visando a resolver a questão com uma “solução que respeite todas as partes”.
O Globo