03/06/2022 às 14h20min - Atualizada em 03/06/2022 às 14h16min

Covid-19: Maricá registra 15 casos da nova cepa da Ômicron, afirma UFRJ

Jade Carvalho - leisecamarica.com.br
O Globo
REUTERS/Dado Ruvic

Nos últimos dias, todo o Brasil tem registrado um aumento considerável no número de pessoas contaminadas pela Covid-19, mas o que nem todo mundo sabe  sobre o avanço da cepa BA.2, oriunda da variante Ômicron. 


Uma análise de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou que a cepa já é dominante em alguns lugares e está em 100% das amostras sequenciadas nos municípios do Rio de Janeiro e de Maricá. 


No estudo, os pesquisadores realizaram o sequenciamento dos genomas completos de Sars-CoV-2 extraídos de amostras de 28 pacientes positivos. O período analisado foi da décima terceira (27 de março a 02 de abril) à décima nona (08 de maio a 14 de maio) semana epidemiológica de 2022, sendo 13 pacientes oriundos do município do Rio de Janeiro e 15 pacientes de Maricá. O teste foi feito no Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes da UFRJ e, entre os testados, todos estavam infectados pela cepa BA.2.


Os cientistas alertaram que o número de casos de infecção certamente é muito maior do que o notificado porque muita gente tem recorrido ao autoteste feito em casa, invisível para os registros de saúde. 


“Observamos um aumento significativo de casos desde maio e queríamos ver que variante está em circulação. O resultado não chega a causar surpresa, pois o coronavírus continua a evoluir e novas cepas emergem, se espalham e desaparecem depressa. A vacina tem segurado casos graves e mortes, como o esperado, mas o coronavírus veio para ficar”, afirmou o professor André Santos, do Departamento de Genética da UFRJ. 


A Covid-19 responde por 59,6% dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e por 91,1% dos mortos, segundo o InfoGripe. O coordenador do Laboratório de Virologia Molecular, Amílcar Tanuri, enfatizou que a BA.2 tem se espalhado muito de pressa, mas seu impacto só é parcialmente observado nos números porque o Brasil continua a testar pouco. 


“O autoteste não é uma solução para a maioria da população porque custa caro. Os testes aplicados pelos laboratórios privados, ainda mais. Temos que voltar a fazer um esforço de testagem porque isso ajuda a controlar surtos”, frisou.


O coordenador ainda acrescentou que o Brasil está no meio de um surto, que só não é pior porque há muita gente vacinada. Além disso, o país acaba de sair de uma onda causada pela BA.1 da Ômicron, que circulou de Norte a Sul. Isso também, em tese, poderia oferecer alguma proteção cruzada, mas essa é uma hipótese a ser investigada. 


O professor da URFJ disse que a BA.2 veio do exterior e se adaptou rapidamente, se espalhando no Brasil e nos EUA, enquanto outras subvariantes da Ômicron, como a BA.4 e a BA.5 se propagam com velocidade pela Europa. 


“Todas as cepas da Ômicron são altamente contagiosas e competem entre si. O outono no Brasil é da BA.2, mas não sabemos se no inverno, sempre temido por ser a estação de maior circulação de vírus respiratórios, ela se manterá ou será substituída”, observou Santos.


Não há indícios de que a BA.2 seja mais agressiva, mas não se sabe se é menos virulenta em função da vacinação ou também por características próprias. O fato seguro é que a vacinação continua a evitar hospitalização e morte.


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