10/08/2013 às 15h47min - Atualizada em 10/08/2013 às 15h47min

Rio de Janeiro é o estado com maior incidência de tuberculose no Brasil

Secretaria de Saúde alerta que maioria dos pacientes abandona o tratamento e desenvolve resistência à medicação. Estado registrou 14.039 casos de tuberculose em 2012.

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No Ietap, no Barreto, é desenvolvido um trabalho humanizado para pacientes internados, como serviços de manicure. Foto: Divulgação

No Ietap, no Barreto, é desenvolvido um trabalho humanizado para pacientes internados, como serviços de manicure. Foto: Divulgação

No Ietap, no Barreto, é desenvolvido um trabalho humanizado para pacientes internados, como serviços de manicure. Foto: Divulgação[/caption]

O Rio de Janeiro é o estado que registra a maior incidência de tuberculose no Brasil, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde. O estado também concentra a maior parte dos casos em pacientes que apresentam resistência à medicação usada no tratamento. De 2009 a dezembro de 2012, 33 municípios fluminenses diagnosticaram 551 pacientes resistentes, sendo 331 ou 56,80% moradores da capital. De acordo com dados preliminares de 2012, foram notificados 155 casos de resistência aos principais medicamentos, em todo o estado, 58,7% (91) na cidade do Rio.

“Em sua maioria, são pessoas que já abandonaram o tratamento mais de uma vez e, por isso, desenvolveram resistência à medicação. Esses casos preocupam porque, ao contrário dos demais, que depois de 15 dias medicados deixam de transmitir a doença, os resistentes podem continuar contaminando mesmo tomando os remédios, pois a resposta ao tratamento é mais demorada”, diz a coordenadora do Programa de Tuberculose da Secretaria de Estado de Saúde, a médica Ana Alice Pereira.

Dados preliminares revelam que o Estado do Rio registrou 14.039 casos de tuberculose em 2012 — em torno de 15% do total do país. A capital reúne 52,94% dos registros. Entre os 14.039 casos de tuberculose no estado, 954 se referem a pacientes que retomaram o tratamento depois de abandoná-lo. Segundo a coordenadora do Programa de Tuberculose da Secretaria de Estado de Saúde, o abandono do tratamento é uma escolha arriscada.

“Depois de tomar os remédios por três meses, o paciente se sente melhor, acha que já está curado e interrompe o tratamento, que dura no mínimo seis meses. Essa atitude é perigosa porque muitos podem se tornar um paciente resistente aos diversos medicamentos. Para isso não acontecer, o médico e toda a equipe de saúde precisa acolher bem os doentes, informando acerca de todo o tratamento, a importância de sua duração, etc. Ainda existe muito preconceito e falta de informação acerca da doença”, explica Ana Alice.

Foi o caso de Marcele Assunção Barros, de 27 anos, que recebeu o diagnóstico de tuberculose no fim do ano passado. Ela nunca vai esquecer o dia em que recebeu o diagnóstico correto.

“Foi horrível. Como tinha medo de transmitir tuberculose para os meus filhos, eu queria me internar. Mas quando consegui já estava em estado grave”, lembra a diarista.

Marcele foi internada no Instituto Estadual de Doenças do Tórax Ary Parreiras (Ietap) em Niterói. A unidade de saúde é referência para internação e tratamento dos casos de tuberculose, coinfecção tuberculose-HIV e HIV. Em 2012, 215 pacientes foram internados no instituto. A unidade de saúde atende cerca de 20 casos de reinternação por ano.

O Ietap desenvolve um trabalho humanizado. Como o tratamento de tuberculose é longo e muitos pacientes permanecem internados por meses, o instituto promove uma série de atividades com os internos. Recentemente, o Ietap passou a contar com a ajuda de voluntários para oferecer serviços de manicure e corte de cabelo a pedido dos pacientes.

“O objetivo é aproveitar o tempo ocioso dos pacientes para eles se sentirem mais motivados e com uma autoestima melhor. Isso ajuda no tratamento e resgata a cidadania dos nossos pacientes”, explica a diretora geral da unidade de saúde, a pneumologista Eliene Denites Duarte Mesquita.


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