25/09/2012 às 17h42min - Atualizada em 25/09/2012 às 17h42min

Bactéria de mosca para acabar com a dengue

(Foto :: Arte | O Dia)
O DIA - Sabe aquela minúscula mosca que circula em bananas, maçãs e laranjas esquecidas por um tempo? É de uma bactéria presente nesses insetos que pode vir o fim da transmissão da dengue no país — e a erradicação do mal no mundo.

O anúncio foi feito nesta segunda-feira por representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Ministério da  Saúde, que iniciaram testes com os vetores em Manguinhos.

Basicamente, o método consiste em infectar o mosquito Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que vive naturalmente em insetos como moscas, borboletas e pernilongos.

O micro-organismo não causa danos em humanos, mas funciona como uma "vacina" para o mosquito da dengue. Quando infectado com a bactéria, o Aedes deixa de transmitir o vírus nas picadas seguintes.“É mais uma forma de se evitar a dengue. Só o governo federal gasta por ano cerca de R$ 800 milhões com programas de contenção da doença”, aponta o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Jarbas Barbosa. A esperança também recai sob a ação reprodutiva do mosquito da dengue infectado com a Wolbachia. “As futuras larvas de mosquitos já nascem infectadas, gerando novos insetos dentro desta estratégia. A partir disso, não precisamos mais interferir”, explica o pesquisador da Fiocruz Luciano Moreira.

Estudo em campo

O projeto, que conta com investimentos da instituição americana Foundation for the National Institutes of Health, entra em sua segunda fase em maio de 2014. A partir desta data, os mosquitos infectados serão soltos em uma pequena cidade do Rio sob acompanhamento dos cientistas.

Em testagem já realizada no ano passado nas comunidades de Yorkeys Knob e Gordonvale, na Austrália. Passadas cinco semanas, todos os Aedes que circulavam já possuíam a bactéria.

Os pesquisadores da Fiocruz, contudo, aguardam aprovação de conselhos científicos de Medicina Ética do País para dar novos passos com a pesquisa em campo, já que envolverá estudo em humanos. O projeto já tem custo de R$ 1,2 milhão, dividido entre o governo brasileiro e a Universidade de Melbourne.

Drama se repete a cada verão

O Brasil é um dos países que mais vivem epidemias de dengue no planeta. As condições climáticas e a concentração urbana favorecem a proliferação do mosquito e contaminação.

Para se ter ideia do impacto da presença do vírus na população do Rio, de janeiro até 15 de setembro, a Secretaria Estadual de Saúde registrou 37 mortes pela doença e mais de 160 mil casos suspeitos. Na capital, a Secretaria de Saúde contabilizou 133.786 casos de infecção por dengue. Só no bairro de Madureira, a prefeitura registrou 12.599 casos da doença. No ano passado, o estado registrou 137 mortes e mais de 160 mil registros suspeitos. A capital, novamente, e o Município de São Gonçalo encabeçaram o ranking.

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