Uma discussão entre os deputados estaduais Renato Machado (PT) e Renan Jordy (PL), numa sessão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), nesta terça-feira, 17, pode render uma ação de racismo contra o parlamentar do Partido Liberal.
Enquanto Machado discursava, mostrando sua insatisfação com uma declaração de Jordy, que chamou os parlamentares do PT e do PSOL de “claque esquerdista”, Jordy, em pé no plenário, apontou o dedo para seu paletó preto e movimentou o dedo, dando a entender que era algo relacionado a Machado, numa alusão à cor de sua pele, que é negra. Sentindo-se ofendido, Machado afirmou que vai encaminhar o vídeo da sessão para que o Ministério Público do Rio de Janeiro tome providências, assim como o Conselho de Ética da Alerj.
“Foi um gesto provocativo e de cunho racial. É uma atitude constrangedora e aterrorizante”, afirmou Renato Machado. “Nas imagens, verifiquei que o gesto realmente havia sido feito. Esse comportamento é vedado e criminalizado em nossa legislação, conforme disposto na lei 7.716/89. É essencial tratar essas situações com seriedade, principalmente dentro do ambiente político”.
Jordy publicou em uma rede social que seu gesto era uma ironia ao outro parlamentar. “Foi injustamente apontado que eu fazia gestos racistas, quando na verdade eu mostrava meu braço ‘tremendo de medo’ de uma ameaça de um deputado do PT”.
Tudo começou quando Jordy sugeriu homenagear a cantora e apresentadora Jojo Todynho com a Medalha Tiradentes, maior honraria concedida pela Alerj. Em seu discurso, o deputado de direita disse que gostaria de prestar solidariedade à Jojo Todynho, “que saiu da senzala ideológica. PT, PSOL, essa claque esquerdista”.
Jordy continuou: “Eles odeiam todos aqueles que pensam ao contrário, verdadeiros escravocratas do século XXI, senhores de engenho, capatazes de quem tem pensamento contrário”.
Indignado, Renato Machado, filiado ao PT desde 2007, retrucou pedindo mais respeito ao outro parlamentar:
“Quando você se dirige à ‘claque’, está me incluindo. Você me respeite. Sou um cidadão de bem, pai de família, pastor evangélico e negro. Se você quer arrumar algum problema pessoal comigo, você arruma lá fora. Me espera lá fora, depois que acabar o plenário. Se quiser falar de pessoas, as pessoas nesta casa têm nome”, afirmou Renato Machado.
