16/01/2014 às 15h57min - Atualizada em 16/01/2014 às 15h57min

Inauguração da ponte da Barra em Maricá divide opiniões na cidade

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A ponte de 172 metros custou R$ 10,6 milhões e,s egundo a prefeitura, vai resolver o problema das enchentes. (Foto :: Clarildo  Menezes)

A ponte de 172 metros custou R$ 10,6 milhões e,s egundo a prefeitura, vai resolver o problema das enchentes. (Foto :: Clarildo Menezes)

A ponte de 172 metros custou R$ 10,6 milhões e,s egundo a prefeitura, vai resolver o problema das enchentes. (Foto :: Clarildo Menezes)[/caption]

A ponte da Barra de Maricá, que liga os bairros de Guaratiba, Cordeirinho, Bambuí e Ponta Negra à região central de Maricá, será inaugurada nesta quinta-feira (16), em solenidade que contará com o secretário estadual de Ambiente, Carlos Minc, e terá até show do sambista Dudu Nobre.

Com 172 metros, a ponte custou R$ 10,6 milhões, dos quais R$ 2,4 milhões em recursos do município e o restante repassado pelo governo estadual, e passa a integrar a RJ-102. A obra foi aprovada por moradores dos bairros vizinhos mas, apesar disso, divide opiniões na cidade desde que a construção foi iniciada, em dezembro de 2011.

A prefeitura afirma que a obra vai permitir o saneamento do sistema lagunar. "Agora vamos abrir uma vez por ano o canal para oxigenar a lagoa, renovar a água e o ecossistema. Não é possível deixar a lagoa aberta o tempo todo, porque ela está acima do nível do mar. Nossa pretensão também não é essa. O que queremos é recuperar a vida da lagoa. Além disso, a obra é a única maneira de evitar enchente na cidade. Em 2010 precisamos abrir o canal para que as pessoas pudessem sair de casa", contou ao G1 o prefeito Washington Quaquá.

Por enquanto, a abertura do canal será feita manualmente, quando necessário, sob orientação do Instituto Estadual do Ambiente, mas a prefeitura planeja construir uma eclusa no local. Para quem questiona valores e prazos para construção da ponte. "Desafio qualquer órgão controlador e fiscalizador verificar o projeto desta obra, o contrato e o valor dele. Não há irregularidade nenhuma", lançou o prefeito.

Sobre o valor de R$ 10, 6 milhões, criticado por muitos moradores da cidade e veranistas, o prefeito foi enfático: "O valor da obra é mais do que justo pelo mercado atual, ainda mais pelo que vai proporcionar à cidade, aos moradores, ao turismo da região e à pesca na lagoa. Quem está criticando o projeto e a execução dele são meus adversários políticos que não conseguiram realizar a obra. Nunca prometi esta obra, esperada há anos na cidade, e agora estou entregando".

Bióloga diz que ponte vai causar impactos ambientais- A bióloga Sheila Nazareth é uma das pessoas contrárias à instalação da ponte. Estudiosa da Lagoa de Maricá, a profissional garantiu que a estrutura vai causar impactos de grandes proporções ao ecossistema lagunar. A bióloga ainda criticou o projeto de licenciamento ambiental. "Sou contra a construção da ponte no local. A abertura do canal só trará impactos negativos para o ecossistema. Espécies maiores entrarão na lagoa, vão dominar o local e acabar com a vida marinha que existe ali. O estudo de impacto não deixa claro quais são as ações que serão tomadas para evitar problemas no futuro", explicou a especialista.

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Foto de quando o canal precisou ser aberto em 2010 por conta de enchentes na cidade.

Foto de quando o canal precisou ser aberto em 2010 por conta de enchentes na cidade.

Foto de quando o canal precisou ser aberto em 2010 por
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Já o morador de Guaratiba, Henrique Vasconcellos, se diz à favor da ponte. Ele cita o alagamento em 2010, quando os moradores dos bairros de Guaratiba, Ponte Preta, Cordeirinho e Bambuí ficaram ilhados, sem acesso ao centro da cidade.

"Debaixo desta ponte tem o trecho mais estreito de terra entre a lagoa e o mar. Toda vez que tem ressaca, o mar se conecta com a lagoa, passando por cima da rodovia. Olhando agora parece um viaduto, mas quando o mar está agitado a ponte será o único caminho para a cidade. Em 2010 ficamos ilhados, sem poder sair de casa. Quem precisou ir até o Centro teve que rodar uma distância 10 vezes maior, precisando ir quase à Saquarema", lembrou.

"Ela é necessária há décadas. No local tinha uma estrutura de ferro, de uma tentativa de construção de ponte que nunca foi acabada. Quem critica a obra precisa conhecer a cidade e a necessidade de quem mora próximo a ela", reforçou o morador de Guaratiba.

Na cidade de Maricá, grupos contrários à construção da ponte prometem se manifestar durante a inauguração de hoje. Alguns são de partidos de oposição ao prefeito, e outros criticam a eficácia da ponte para resolver o problema das enchentes em alguns bairros. Mas, questionados pela reportagem sobre os motivos das críticas ou se teriam informações sobre problemas no projeto, preferiram não dar declarações sobre o assunto.

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Construção da ponte virou polêmica na cidade (Foto: Fernando Silva)

Construção da ponte virou polêmica na cidade (Foto: Fernando Silva)

Construção da ponte virou polêmica na cidade
(Foto: Fernando Silva)[/caption]

Inea garante que obra não provoca impactos ambientais- Por meio de nota, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) disse que a obra da Ponte da Barra de Maricá recebeu Licença Prévia e de Instalação (LPI) em outubro de 2011. Para a concessão da licença foram levados em conta, inclusive, estudos técnicos realizados pela Petrobras sobre a comunicação entre a lagoa e o mar, para garantir que a obra não causasse impacto.

A reportagem do G1 tentou falar com o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc. Por meio de sua assessoria, o secretário disse que estava com a agenda cheia de compromissos oficiais, mas comentou sobre a construção da ponte.

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Foto mais atual da conclusão das obras ​ (Foto: Fernando Silva)

Foto mais atual da conclusão das obras ​ (Foto: Fernando Silva)

Foto mais atual da conclusão das obras
​ (Foto: Fernando Silva)[/caption]

"O projeto é da prefeitura de Maricá e foi executado pelo município. Como a prefeitura não tinha recursos suficientes para fazer a ponte, pediu apoio ao Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam). O Conselho Superior do Fecam, que é integrado por representantes, entre outros, da Firjan e da UFRJ, aprovou por unanimidade recursos para ajudar a prefeitura a construir a ponte. O Conselho Superior do Fecam entendeu que a ponte é importante para garantir a renovação das águas da Lagoa de Maricá e a reprodução de peixes, sendo importante inclusive para complementar as obras de saneamento que a SEA está fazendo no entorno da lagoa. A ponte garante a abertura da barra por uns 45 dias ao ano, oxigenando suas águas e garantido a entrada de peixes na lagoa. Sem a ponte, a abertura era feita ou permanecia por poucos dias ao longo do ano”, diz a nota enviada pela secretaria.

Também na nota, a assessoria diz que a Secretaria de Estado do Ambiente vem atuando na área ambiental de Maricá, como a interditação do lixão de Maricá, realizada no ano passado, e que está com um projeto de R$ 60 milhões para sanear toda a Lagoa de Maricá, já tendo sido executada metade das obras previstas.

A reportagem tentou falar com  a Premag, empresa responsável pela obra de contrução da ponte, para obter mais informaçãoes sobre o valor e a demora na finalização da obra, mas até a publicação desta reportagem, a empresa não retornou as ligações e os pedidos por e-mail.

G1


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