10/03/2014 às 11h47min - Atualizada em 10/03/2014 às 11h47min

Situação precária da RJ-104 oferece riscos e preocupa motoristas

Considerada a segunda estrada estadual mais violenta, RJ-104 apresenta buracos no asfalto, sinalização precária e falta de acostamento. A situação preocupa quem passa pelo local

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Motoristas que passam pela Rodovia RJ-104 sofrem com a falta de manutenção da estrada. São buracos, sinalização e iluminação precárias e sistema de drenagem ineficaz. Foto: Evelen Gouvea

Motoristas que passam pela Rodovia RJ-104 sofrem com a falta de manutenção da estrada. São buracos, sinalização e iluminação precárias e sistema de drenagem ineficaz. Foto: Evelen Gouvea

Motoristas que passam pela Rodovia RJ-104 sofrem com a falta de manutenção da estrada. São buracos, sinalização e iluminação precárias e sistema de drenagem ineficaz. Foto: Evelen Gouvea[/caption]

Quem utiliza constantemente a Rodovia RJ-100, trecho que liga a BR-101 à RJ-106, vibrou esta semana com o início das obras de melhoria, que incluem execução de terraplanagem, drenagem e pavimentação da via. O mesmo ar de contentamento, porém não pode ser esboçado pelos condutores que trafegam pela Rodovia RJ-104 (Amaral Peixoto). De fora desta primeira etapa do projeto, motoristas terão que aguardar para começarem a notar alguma mudança nesta que é a segunda via estadual mais violenta do Rio de Janeiro.

O técnico em Meio Ambiente Wladmir Gualberto, que reside há 20 anos em Manilha, conta que tem observado um crescimento vertiginoso no fluxo de veículos que circulam na RJ-104, depois que ocorreu a instalação do pedágio na BR-101 (Niterói-Manilha).

“Certamente esse movimento vai continuar aumentando porque a gente vê que as cidades do entorno como Itaboraí e São Gonçalo estão crescendo à margem da instalação do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). É comum também você ver a todo instante acidentes envolvendo veículos pesados que trafegam a qualquer hora do dia”, ressalta.

Enquanto a licitação que já deveria ter acontecido no dia 20 de setembro de 2013 para a realização de obras na RJ-104 não é feita, como consta no portal oficial do governo do Estado, os motoristas que utilizam a rodovia continuam reivindicando melhores condições na estrada. A via recebe em média 80 mil veículos diariamente, sendo 30% deles representados por ônibus e caminhões, de acordo com dados do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-RJ). Buracos, má sinalização nos acessos aos bairros de São Gonçalo e ausência de fiscalização lideram o ranking de reclamações.

No trecho da Rodovia RJ-104 entre a Alameda São Boaventura, no Fonseca, em Niterói, e o entroncamento com BR-101, em Manilha, uma série de problemas e irregularidades podem ser detectadas sem esforço pelos motoristas, em vários pontos da via.

Quase a totalidade da estrada não contém acostamento. São muitos os lugares onde o asfalto está dissolvendo ou apresenta algum problema. A ausência de sinalizações também provoca confusão nos motoristas.

Nos acessos ao Jardim Catarina, em São Gonçalo, a via é estreita, apresenta buracos e desníveis quase em todo o trecho, além dos cruzamentos e retornos que complicam o fluxo na região.

“São muitos buracos. A rodovia é precária. É necessário recapear e criar áreas para os ônibus poderem entrar. Essas operações tapa-buracos duram nada. O trânsito é lento e quase todo dia tem um assalto aqui”, reclama o caminhoneiro Enildo Lopes, se referindo ao trecho próximo ao bairro.

Motoristas denunciam que muitos veículos atuam no transporte de passageiros na região, agindo de forma clandestina no local. Essa movimentação, segundo eles, contribui ainda mais para tumultuar o trânsito na rodovia.

Um acidente a cada 9 horas na estrada

Acidentes são constantes na rodovia - De acordo com dados do Sistema de Controle de Trânsito e Acidentes Rodoviários (SICTAR) do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) disponíveis para consulta no site da autarquia, entre janeiro e setembro de 2013 foram registrados 714 acidentes de trânsito independente da sua gravidade na RJ-104. Este é o segundo maior índice das rodovias estaduais, perdendo apenas para RJ-106, uma das mais importantes vias de acesso à Região dos Lagos.

A pedido de O FLUMINENSE, o matemático com doutorado em Otimização, Edgard Andrade, com 28 anos de atuação no Departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisou os números. Tendo com base os dados oficiais do SICTAR, ele concluiu que este período de nove meses abrange um total de 273 dias o que fornece uma diária de 2.62 acidentes naquele período, ou seja, número que corresponde a um acidente a cada 9 horas 10 minutos e 35 segundos na RJ-104.

“Evidentemente estes resultados se referem apenas aos acidentes notificados oficialmente pelo DER-RJ naquela rodovia e, portanto, podem estar subestimando os números reais, provavelmente um pouco superiores devido à subnotificação dos acidentes realmente ocorridos na rodovia RJ-104”, destaca Edgard.

Embora os dados sejam alarmantes, os problemas da RJ-104 que ocasionam numa maior incidência de acidentes não são de exclusividade da Rodovia.  No ano passado, um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revelou que 63,8% das rodovias do Brasil apresentavam problemas de sinalização, pavimentação ou geometria. Para a pesquisa foram analisados 96,7 mil quilômetros de rodovias em todo o País, o que equivale à totalidade da malha federal e às principais estradas estaduais.

Licitação não tem data

Procurada, a assessoria do DER informou através de nota que o órgão possui um projeto de restauração e construção de acostamento na RJ-104, em 15 km entre o trecho Tribobó-Manilha. A mesma proposta prevê também a construção de um viaduto onde os retornos e o acesso ao bairro passariam por baixo, permitindo separar os fluxos de trânsito e por fim os semáforos que hoje estão prejudicando a fluidez das viagens.

A obra, no entanto, não sai da fase de licitação, apesar de contar com um orçamento de R$ 50 milhões e estimativa de início para abril de 2014.

Questionada, a assessoria do DER informou ainda que não há uma data definida para a licitação.

“Normalmente, a licitação ocorre 30 dias antes do início das obras”, justifica a nota. Já a assessoria da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca (Sedrap) informou que a previsão é que a licitação ocorra até o fim do mês.

O FLUMINENSE


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