LEI SECA MARICÁ- Os cidadãos que têm o carro roubado em Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, são castigados duas vezes. Primeiro pela violência, depois pela burocracia do Estado. Há apenas um local de entrega para os donos de veículos recuperados pela polícia. Todos os motoristas roubados nas cidades do Rio de Janeiro, da Baixada Fluminense, Niterói, Maricá, São Gonçalo e Itaboraí precisam ir ao Pátio Legal, em Deodoro, Zona Oeste do Rio, para reaver um bem que lhe foi tirado à força. O trajeto pode superar 80 quilômetros e tomar dias de espera. 
O farmaceutico Amaury Araújo foi assaltado em Itaocaia Valley, as vésperas do carnaval. O carro foi recuperado numa segunda-feira, mas só foi entregue pela polícia uma semana depois. “O carro foi achado na madrugada de quinta, tentei agendar para pegar na sexta, mas só consegui agendar para a quinta-feira seguinte”, disse Amaury.
Rogério Moreira, morador de Itaipuaçu, aguarda há pelo menos cinco dias para tentar recuperar o veículo roubado. "Até agora nada, está demorando, não tem perito. Nem podemos ver o carro, só é possível ver pela internet", contou Rogério, enquanto aguardava atendimento no Pátio Legal.
Entre janeiro e março deste ano, 9.209 carros foram roubados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública, um crescimento de 50% no número de roubos de carro na comparação com o primeiro trimestre de 2013. Mais da metade desses casos ocorreu fora da capital.
Um desses assaltos aconteceu com Thais Dutra. Criminosos roubaram o carro dela na RJ-106 e ela só conseguiu retirar o veículo dois dias depois. Thais precisou da ajuda do pai para percorrer os 79 quilômetros e chegar até o Pátio Legal, em Deodoro. "Não sabia como chegar, é bem complicado encontrar o lugar", contou Thais.
O Pátio Legal começou a funcionar em julho de 2005 e já recebeu mais de 150 mil veículos. Em um ano, a média de veículos restituídos subiu de 43 para 62 por dia.
No interior, os carros roubados são devolvidos apenas com um documento de registro de ocorrência, mas sem que o roubo tenha recebido a saída do sistema. Toda a documentação é enviada por malote para a capital e só então é analisada. Não há um sistema informatizado para dar "baixa" no registro de roubo do veículo. Todo esse trâmite demora, em média, um mês, segundo a Polícia Civil. Para agilizar o processo, segundo a Corporação, seria preciso instalar outro espaço para recuperação de carros no interior. Ainda de acordo com a polícia, o Pátio Legal é um a parceria da Secretaria de Segurança com uma associação de seguradoras, e foi essa concessionária que criou um sistema mais ágil para devolver os carros roubados.
