10/08/2012 às 16h01min - Atualizada em 10/08/2012 às 16h01min

Casal declara que sofreu constrangimento no Rotary Clube de Maricá

Registro da ocorrência foi feito na delegacia de Maricá (82ª DP). Relato do R.O. declara humilhação e expulsão do local

Jornal Gazeta - No último dia dia 26 de julho, quinta-feira, Márcia Rosa da Paz Miranda, de 54 anos, que realizava uma vez por semana um tratamento de acupuntura, disponibilizado gratuitamente pelo Rotary Clube de Maricá, procurou a 82ª DP de Maricá para relatar, em um BO, um fato ocorrido na instituição rotariana. A situação constatada na delegacia foi provocada, segundo ela, pelo atual presidente do Rotary, Coronel Luecir Lucas Gonçalves, e no BO (nº082-02986/2012) consta o seguinte: "Cel. Lucas chegou ao local falando para o médico que não podia mais dar atendimento não só a declarante como também a outras pessoas; que inclusive tirou as agulhas que já estavam colocadas na declarante pois a mesma faz tratamento com acupuntura, pois a alegação é que a declarante teria dinheiro para pagar; que mandou o médico botar a declarante para fora; que comparece na delegacia para as devidas formalidades". Márcia ainda explicou detalhadamente o fato para este jornal. Ela disse que ela e seu marido, Graciel Borges, faziam tratamentos de acumpultura no Rotary Clube há aproximadamente um ano e que começaram quando o presidente de lá era David Neves. Os tratamentos, segundo ela, foram indicados por médicos do SUS, já que ela e seu marido têm problemas de coluna e ela também tem tendinite. Ela disse ainda que nunca recebeu algum aviso anterior que negasse a continuidade do tratamento dela, no Rotary Clube, e que a atitude do atual presidente, no momento que estava sendo atendida pelo médico, foi inesperada e totalmente incompreensível para ela.

O serviço médico de acupuntura oferecido pelo Rotary Clube funciona gratuitamente, às quinta-feiras, para aqueles que necessitam clinicamente usá-lo e não têm condições financeiras para pagar o valor do mesmo serviço em uma instituição particular. Esse trabalho médico voluntário do Rotary Clube, que disponibiliza o espaço e o material, é recompensado apenas com doações de alguns produtos, feitas pelos próprios usuários da acupuntura. Segundo Márcia, durante algum período, ela, então, doava, por instrução do antigo presidente David Neves, materiais, como fraldas geriátricas e algodão, que eram dirigidos pela instituição rotariana para asilos, por exemplo. Mas, Márcia alega que não tem condições financeiras a ponto de efetuar sempre o pagamento desse serviço médico em redes particulares, apesar de ter aparentado isso para o atual presidente do Rotary, Coronel Lucas (empossado no dia 04 de julho). Já  que, segundo ela, ele negou a continuidade do serviço para ela e seu marido e os "expulsou" do local, por achar que eles usurfruiam de confortável situação financeira. O carro que ela usava, relata Márcia, foi um dos demosntrativos que talvez serviu pelo atual presidente para fazer sua errada avaliação econômica e tomar aquela atitude.

Márcia ainda complementa que, apesar de trabalhar na Secretaria de Fazenda do Estado e de possuir um carro, ela tem uma renda fixa que é dividida para vários entes da família, já que têm dois filhos desempregados, uma mãe hipertensa, que necessita de cuidados especiais, e um pai diabético e cadeirante. Esse último fato é  um dos vários motivos que explica o porquê dela ter um carro. Ela também relata que o automóvel é útil porque ela trabalha longe da sua residência. Mas, tendo ou não condições financeiras, Márcia explica que o atual presidente do Rotary Clube não agiu certo ao abordar ela e seu marido, quando ainda estavam num momento de tratamento, para comunicar que eles não podiam mais continuar; pedir que as agulhas da acumpultura fossem retiradas pelo médico; os humilhar diante de pessoas presentes (ela conta que haviam lá cerca de umas 30 pessoas e "umas 9" estavam sendo atendidas pelo médico) e os expulsar do lugar.  "Ele gritava, falava aos berros que não podíamos continuar ali fazendo acupuntura de graça, por termos dinheiro. Claro que fiquei nervosa, depois que ele começou a berrar, ele mal deixava a gente abrir a boca", relata Márcia. Ela ainda disse que depois da delegacia, onde registrou o caso, foi direto para o hospital: "comecei a passar mal lá mesmo diante daquela situação, fui à delegacia, relatei o que ouve, e lá fui orientada a ir pro hospital, já que eu mal conseguia falar e estava com falta de ar. E por tudo que sofri e ainda tenho sofrido emocionalmente, ao lembrar do que aconteceu, eu já procurei um advogado e estou dando entrada num processo, com testemunhas. É o mínimo que posso fazer".

O atual presidente do Rotary Clube de Maricá, coronel Luecir Lucas Gonçalves, foi procurado por nosso jornal para falar sobre o assunto. Ele nos disse que comunicou à Márcia que ela e seu marido não poderiam mais continuar a fazer o tratamento no local, porque "eles não se enquadravam dentro do que é exigido" (teriam condições financeiras e outros usuários do serviço, não). Mas, elucidou que, durante seu comunicado, Márcia já não estava em tratamento, com as agulhas, apenas seu marido estava. Ela, segundo Lucas, demonstrou nervosismo diante do comunicado, se exaltou e disse ao marido para irem embora. De acordo com o presidente do Rotary, foi Graciel quem pediu primeiramente as retiradas das agulhas de seu corpo e o primeiro apenas solicitou ao médico o atendimento de um pedido do próprio Graciel. "Se não altera o tratamento dele, faça o que ele está pedindo", disse coronel Lucas ao médico, segundo Lucas. Quanto ao funcionamento do tratamento de acumpultura, o presidente do Rotary confirmou que os usuários do serviço não pagam pelo mesmo, mas ajudam com algum material que depois é enviado, em forma de doações, para instituições carentes da cidade. Mas, segundo coronel Lucas, não há fiscalização sobre quem ajuda ou não e essa ajuda é apenas para os usuários do local se sentirem incluídos dentro de um trabalho de grupo. Também relatou que em documentos, que ficam aos cuidados do médico, constam fichas com os históricos médicos dos pacientes e as confirmações dos mesmos que atestam suas poucas condições financeiras.  Quanto a isso, ele disse que conhece o casal há anos (no entanto, nega laços de amizade, conhece apenas de observar) e que eles, por terem condições financeiras, não se "encaixavam no perfil" requisitado para continuarem a usar o serviço. De acordo com o dirigente da instituição rotariana, o tratamento no local para o casal foi cedido apenas inicialmente, em caráter de "emergência", mas esse prazo já havia se esgotado. Ele ainda complementa que já haviam sido dados "avisos gerais" aos usuários com o intuito de proibir pessoas com condições de usurfruirem do serviço (alegação que Márcia disse desconhecer).  "Para não ter desgaste nosso, do médico e, principalmente, dos atendidos, havia essa restrição", disse o coronel Lucas. Ele também explica que, diante do pouco valor dado a esses alertas gerais, o que existia era um "comodismo" das pessoas que não precisavam estar ali. "Nós prestamos conta, fazemos relatórios, temos a responsabilidade de evitar abusos", elucida o presidente do Rotary Clube de Maricá, Luecir Lucas Gonçalves.

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