08/01/2015 às 09h44min - Atualizada em 08/01/2015 às 09h44min

Auditoria encontra irregularidades no sistema do Bilhete Único

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) encontrou uma série de irregularidades no sistema do bilhete único intermunicipal. Entre elas, o cadastro de crianças com menos de cinco anos, que sequer pagam passagem, além da falta de controle no uso do CPF dos usuários e de prestação de informações básicas aos mais de 4 milhões de usuários.

A falta de informações ao usuário é uma das irregularidades descobertas numa auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Estado no sistema do Bilhete Único intermunicipal. Segundo o relatório, não são mostradas a data e a hora em que o meio de transporte foi utilizado, nem o valor debitado em cada transação, o que dificulta o controle do usuário.

“Nós deveríamos ter um extrato ou receber uma carta dizendo que eu já economizei milhares de reais com o bilhete único, mas nunca veio pra mim o extrato ou alguma senha, algum modo de eu ver melhor o meu extrato do bilhete único, saber os ônibus que eu peguei”, reclamou a operadora de telemarketing Jaqueline Gomes

O passageiro que usa o bilhete único intermunicipal paga R$ 5,25 e tem direito a uma integração entre ônibus, barcas, metrô, trens e vans no período de três horas. Segundo a Riocard, que gerencia o sistema, mais de 4 milhões de pessoas estão cadastradas. Por ano, o Governo do Estado repassa cerca R$ 600 milhões à RioCard para subsidiar o Bilhete Único.

Os valores que são depositados no cartão perdem validade depois de um ano sem uso. Mas, o Tribunal de Contas não conseguiu descobrir qual o destino desse dinheiro. “Se eles [os créditos] não são usados, ninguém sabe pra onde vai esse dinheiro, porque a Riocard se negou a prestar essa informação”, disse o presidente do TCE, Jonas Lopes.

Uma outra irregularidade apontada pelo tribunal de contas do estado foi a falta de controle dos CPFs  cadastrados pelos usuários para emitir o Bilhete Único. Segundo a auditoria, basta que seja um número válido -- o que pode facilitar fraudes.

A auditoria encontrou nos cadastros até CPFs de crianças menores de cinco anos que têm direito à gratuidade. “Nós encontramos um caso de uma dessas crianças menores de cinco anos de idade que usou o bilhete único antes mesmo do seu nascimento. Isso mostra um descontrole total e mostra que esses bilhetes estão sendo vendidos no mercado negro”, destacou o presidente do TCE.

Segundo o TCE, algumas pessoas podem utilizar cartões com outros CPFs. Assim, passariam a lucrar com o Bilhete Único. Elas poderiam oferecer o cartão em troca do dinheiro de passageiros que pagariam em espécie.

“Nós vamos inaugurar o devido processo legal, vamos dar o direito de defesa, chamar a secretaria de estado e transporte, vamos chamar o Detro, vamos comunicar a agência reguladora e vamos ouvir a defesa, e paralelamente a isso, vamos comunicar ao Ministério Público, a Assembleia Legislativa e vamos iniciar uma grande auditoria de tecnologia da informação nesse sistema”, afirmou o presidente do TCE Jonas Lopes.

A Secretaria de Estado de Transportes afirmou que está colaborando com o TCE e tem dado as informações solicitadas sobre o sistema do Bilhete Único intermunicipal. Mas, não comentou as irregularidades encontradas na auditoria. Já a Riocard afirmou que os usuários do Bilhete Único têm pleno acesso às informações consultando a conta no site do Bilhete Único. A Riocard disse ainda que as informações sobre saldo podem ser consultadas nos validadores e nos postos do sistema.

Nem a Secretaria de Transportes, nem a Riocard comentaram as demais irregularidades encontradas pelo TCE.

G1


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