11/11/2011 às 02h12min - Atualizada em 11/11/2011 às 02h12min

Delegado de Maricá participa da prisão de 'Nem da Rocinha'

Nem da Rocinha dentro do Camburão da PM
Logo depois da prisão de Nem, dois policiais civis, entre eles o delegado da 82ª DP de Maricá, Roberto Nunes tentaram impedir que o traficante fosse levado à Polícia Federal. A dupla queria que o grupo seguisse para a delegacia da Gávea, um bairro vizinho da Rocinha. Segundo a Polícia Civil, os dois estavam auxiliando nas investigações, e negociando uma possível rendição do traficante, que deveria acontecer na delegacia da Gávea.

Ao ser abordado em uma blitz do batalhão de choque da Polícia Militar, em uma das saídas da Rocinha, um homem em um Corolla preto se identificou como cônsul do Congo. O outro homem no veículo se identificou como funcionário do cônsul, e um terceiro se identificou como advogado. Os policiais teriam pedido para revistar o carro, mas o homem negou, alegando imunidade diplomática. Os policiais decidiram então escoltar em comboio o carro até a sede da Polícia Federal, para que a revista fosse realizada.

Na Lagoa Rodrigo de Freitas, na altura do clube Piraquê, os homens teriam pedido para parar o carro e feito uma oferta de R$ 20 mil aos policiais para que deixassem o carro seguir. Diante da negativa dos policiais, eles teriam aumentado a oferta para R$ 30 mil. Depois disso os policiais decidiram revistar o carro e encontraram Nem escondido no porta-malas.

Junto com o traficante foi encontrado uma grande quantia em dinheiro, ainda não contado pelos policiais. Nem foi em seguida encaminhado para a sede da PF na capital fluminense.
A prisão ocorreu horas depois de a PF, com apoio da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg), desencadear uma operação que resultou na apreensão de armas e drogas oriundas da favela e na prisão de 10 pessoas, entre elas o braço direito de Nem, Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do tráfico no morro de São Carlos.

Eles estavam em quatro carros e foram interceptados quando saíam da Rocinha, próximo a um shopping na Gávea, escoltados por três policiais civis, um policial militar reformado e outro aposentado - todos presos. Também foram apreendidos três fuzis, 11 pistolas, cinco granadas e um montante ainda não contabilizado em dinheiro, além de munição, correntes douradas, um relógio, celulares e dois laptops.

Mais cedo nesta quarta, foi divulgado que a Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) do Rio e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) investigavam um suposto plano para retirar Nem da Rocinha. O Disque-Denúncia chegou a receber 20 ligações com informações sobre seu paradeiro. A recompensa era de R$ 5 mil por pistas que levassem ao homem apontado como um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) e comandante do tráfico na maior favela da América Latina. 

A comunidade foi cercada por policiais no fim da noite de terça, indicando o início da operação de pacificação da favela, primeiro passo para a criação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), que deve começar a ser ocupada até domingo, embora a Secretaria de Segurança não confirme a informação.

O Nem
De acordo com o Disque-Denúncia, o chefe do tráfico da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, passou por diversos setores da "carreira" de traficante, tendo iniciado como "vapor", encarregado de entregar as drogas aos compradores, atuado como "soldado", na proteção dos locais de venda contra a polícia e traficantes de facções rivais, até assumir a gerência de uma boca de fumo. Ele passou a controlar grande parte das vendas em 2005, junto com João Rafael da Silva, o Joca. Após a prisão de Joca, em outubro de 2008, Nem assumiu o controle da favela. 

Nem tem 35 anos e mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. É a primeira vez que Nem é preso. O Disque-Denúncia oferecia recompensa de R$ 5 mil por informações que levassem a sua prisão. 

A Rocinha é uma das maiores favelas da América Latina e fica entre dois dos bairros mais ricos do Rio de Janeiro, São Conrado e Gávea. Segundo o Censo 2010, a favela conta hoje com 69,3 mil habitantes. Apesar de a secretaria de segurança não confirmar a data, a invasão da Rocinha para a instalação de uma UPP está marcada para o próximo domingo. Desde a madrugada desta quinta-feira, a polícia faz um cerco à favela.

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