29/09/2011 às 18h10min - Atualizada em 29/09/2011 às 18h10min

Artigo de Vinícius Moro - A (in)dependência de Maricá

O país iniciou no dia 1º de Maio de 2009, sexta-feira do Dia do Trabalhador, a exploração no campo de Tupi, na camada pré-sal da bacia de Santos. Fato que o presidente Lula avaliou como a segunda independência do Brasil. Felizes e otimistas todos os brasileiros, mais felizes e otimistas ainda nós maricaenses. Isso porque a maior parte do badalado campo está sediada, de acordo com os dados da ANP e do IBGE, em frente a nossa cidade.

E se com a crise mundial houve uma diminuição na arrecadação municipal (royalties passaram de R$ 700 mil mensais para cerca de R$ 400 mil) e o prefeito Quaquá teve que rever e ajustar todo o orçamento previsto. Com “a segunda independência do Brasil”, estima-se que a arrecadação de royalties de Maricá salte para mais de R$ 1,5 milhões já nos próximos meses e no final de 2010 esse valor deve ultrapassar a faixa dos R$ 5 milhões mensais. Esses valores ainda precisam ser confirmados e talvez ainda demore mais um pouco. Especulações a parte e embora ainda esteja na fase de “plantar”, Maricá já começa a “colher bons frutos”. Basta abrirmos os jornais para lermos notícias de empresas de médio e grande porte procurando nosso município para possíveis instalações e investimentos.

Não podemos deixar de mencionar a instalação do Comperj em Itaboraí a apenas 26 km daqui e a extensão do Arco Rodoviário até nossa cidade. Empreendimentos que nos dão a certeza que Maricá sofrerá uma profunda transformação em seu perfil econômico e social.

Todavia, a simples implantação do Comperj, a chegada de novas empresas e o início do recebimento de quantias volumosas de royalties não são garantias de melhoria da vida de nossos habitantes. É certo o aumento da oferta de emprego e o crescimento econômico, mas nós, gestores públicos, devemos ter consciência que o petróleo é finito, não renovável. Sendo assim, para que este crescimento seja sinônimo de desenvolvimento, Maricá precisa de investimentos que garantam o nosso futuro quando a fonte de petróleo acabar. Tornando possível a exploração de outras vocações econômicas.

Temos os exemplos de nossos municípios vizinhos, que gastam a maior parte dos royalties (finito) com custeio, ou seja, apenas para alimentar a máquina pública, e acabam deixando os investimentos de lado. Tal constatação é extremamente preocupante diante do colapso que o ocorrerá com o inevitável fim desta fonte de arrecadação.

Voltando para Maricá, município que passou por um crescimento populacional rápido e desordenado. Onde os serviços públicos como água, segurança, saneamento, saúde, trânsito e tudo mais não acompanharam esse processo. Podemos imaginar o quão árdua será a missão da atual gestão municipal. A verdadeira independência de Maricá passa pela não dependência de nossa economia à cadeia do petróleo. Ou melhor, quanto maiores forem os investimentos que buscarem o desenvolvimento sustentável de Maricá, menor será nossa dependência dos royalties e menor será o baque quando esta fonte se esgotar.

É necessário, portanto, estudar e planejar o uso correto destes recursos. Destinando a maior parte para investimentos em infra-estrutura, em educação, em ações ambientais e em ações de diversificação econômica e formação de arranjos produtivos locais. Pois só assim garantiremos um futuro mais rico às gerações futuras e desfrutaremos efetivamente a nossa independência. 

Em 2009, escrevi esse texto para o Jornal Maricá em Foco, mas nem vou editá-lo pois ainda está bem atual. Apenas acrescentarei uma tabela com a atualização de alguns dados:


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