22/09/2011 às 19h09min - Atualizada em 22/09/2011 às 19h09min

Artigo de Vinícius Moro - Deixa o homem trabalhar!(?) – Um estudo de caso de marketing político

Sou completamente apaixonado por marketing político e eleitoral. E vou aproveitar a coluna de hoje para expor minha opinião sobre um adesivo que circula por Maricá e também no Jornal (chapa branca) Outras Palavras como uma homenagem ao “presidente mais popular que o Brasil já teve”.

Antes, considero oportuno mencionar uma definição de marketing político e sua diferença entre o marketing eleitoral com citações retiradas do livro do Carlos Manhanelli:
Para Rodrigues Mendes Ribeiro, “atualmente, o marketing político é a principal forma utilizada pelas elites políticas para conquistarem e manterem-se no poder. Representa o conjunto de técnicas de persuasão política e procedimentos de natureza estratégica voltados para a disputa pelo controle da opinião pública, a tentativa do domínio da recepção das imagens públicas.

E, segundo Rubens Figueiredo, “existe uma diferença entre o marketing político e o marketing eleitoral. O marketing político é algo mais permanente, é quando o político, no poder, se preocupa em sintonizar sua administração com os anseios dos cidadãos. Isso acontece através de pesquisas regulares, boa assessoria de comunicação, correção de possíveis falhas, publicidade dirigida etc. Já o marketing eleitoral aparece na hora do “vamos ver”, quando todos os candidatos saem à procura de um mandato.”

Já podemos compreender que o adesivo, já mencionado no título, “Deixa o homem trabalhar!” não é meramente uma homenagem ao presidente Lula. É, na verdade, uma ação de marketing político. Trata-se de uma maneira, a princípio bem interessante, de tentar associar a excelente imagem do ex-presidente Lula com a péssima imagem do prefeito Quaquá. Considero, inclusive, uma tentativa válida já que ambos pertencem ao mesmo partido.

A idéia principal é tentar mostrar que Lula, mesmo sofrendo ataques da grande imprensa, conseguiu se reeleger (mais de 60% dos votos) e terminar seu 2º mandato como maior presidente da história do país. “Isso mostra que seu trabalho se impôs a tudo e a todos”, menciona a homenagem. Dessa forma, de maneira subliminar, temos a impressão que o mesmo acontecerá com Quaquá. Que ele também estaria sendo vítima da “imprensa” e que mesmo assim ele conseguiria se reeleger através do seu trabalho e se consagraria na história de Maricá. Fui longe de mais? Mas é justamente isso que a campanha sugere.

Parafraseando um ex-professor meu: Não compare (confunda) mosquito com helicóptero.

Lula sempre teve uma aprovação altíssima do povo brasileiro. Ao contrário de Quaquá, onde sua rejeição (ruim ou péssimo) chega a casa dos 80%. Isso faz toda a diferença e explica porque a campanha “Deixa o homem trabalhar!” é motivo de chacota nas ruas e nas redes sociais. No caso do Lula, tínhamos sim a mídia de direita tentando sabotar a imagem do presidente. Mas nos protestos contra o atual prefeito, o que vemos é a manifestação legítima do povo. Ou será que querem que acreditemos que os jornais municipais e a oposição são responsáveis pelos 80% de rejeição?


Acontece que há uma diferença infinita entre os dois políticos e seus momentos.
Uma boa estratégia de marketing político deveria procurar saber os motivos de tanta rejeição e trabalhar para melhorar a qualidade de vida em Maricá e não, simplesmente, tentar manipular de maneira subliminar a opinião pública. A tentativa é clara de tentar desqualificar os movimentos oposicionistas. Típico de quem quer se perpetuar no poder a qualquer preço. O que me preocupa muito.

Quando falamos que o marketing deve “adequar um candidato ao seu eleitorado”, significa que o candidato, em muitos casos, tem de mudar para se adaptar ao que o eleitorado espera. Mas não que ele deva tentar enganar o povo sendo aquilo que não é, afirma Manhanelli. Caso contrário, a ação será inócua.

Mas, apesar da campanha não ter conseguido penetrar no eleitorado já que a rejeição é legitimamente do povo, não podemos dizer que ela foi completamente perdida. Pelo menos serviu de acalanto para aqueles que defendem o Governo e agora, mesmo sem argumentos, estufam o peito para encerrar qualquer discussão dizendo: Deixa o homem trabalhar!
– As ruas estão esburacadas, empoeiradas e cheias de lama! – Deixa o homem Trabalhar!
– O hospital está abandonado! – Deixa o homem trabalhar!
– Essa obra não acaba nunca! – Deixa o homem trabalhar!
Bem, pelo que me consta, não tem ninguém segurando ele!

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