25/08/2011 às 18h56min - Atualizada em 25/08/2011 às 18h56min

Artigo de Vinícius Moro - Política? O que eu tenho a ver com isso?

É impressionante o número de pessoas, principalmente os mais jovens, que não gostam, não querem saber e chegam a ter raiva de política e de quem se envolve com ela. E essas mesmas pessoas culpam o Estado e o Governo por tudo de ruim que acontece na sociedade e na vida delas. É comum ouvirmos "o Governo não faz nada", “eles só querem roubar", “são todos iguais”.

Mas quem são “eles”? Quem são o Estado e o Governo? Será que “eles” estão mesmo tão distantes da sociedade? Apesar de serem figuras abstratas, “eles” não são seres de outro planeta ou de outro plano. O contrário, “eles” somos nós mesmos. São nossos pais, filhos, amigos, vizinhos. São pessoas comuns que têm as mesmas necessidades que “nós”. Sem mais delongas, quero dizer que para mudarmos a classe política, a Câmara Municipal e a Prefeitura, temos de mudar a sociedade.

Quer você goste ou não, é na política que são tomadas as decisões que realmente influenciam em nossas vidas. Se no seu bairro falta saneamento básico, é uma decisão política que vai solucionar essa questão. Se os impostos que você paga são elevadíssimos, mas, em contrapartida, os serviços públicos não são prestados com eficiência e qualidade; é política. Se falta incentivo ao lazer, esporte, cultura; é política. Tudo é política.

Por isso não adianta não querer saber de política. Tem de participar! Não será um trabalho fácil, nem tão pouco rápido. Mas temos que entender que nós somos o Estado. Ou melhor, o Estado nos deve satisfação e não podemos ficar subordinados aos desmandos daqueles que deveriam nos representar.  O Antropólogo Roberto da Mata foi muito feliz ao comparar Brasil e EUA. Aqui vivemos sob o “Você sabe com quem você está falando?” Onde é comum presenciarmos atos de abuso de poder, as famosas “carteiradas”, os favorecimentos e apadrinhamentos. Enquanto os EUA prega o “Quem você pensa que é?”, não tolerando abusos e favorecimentos. Sem querer entrar no mérito dos valores dos estadunidenses, até porque não concordo com muita coisa, mas o que é bom tem de ser copiado. Pode ser frieza, mas a verdade é essa: se somos nós que pagamos os impostos, aqueles que nos representam devem prestar contas com a gente. Nós somos os patrões.

E para isso não importa qual será a sua participação ou grau de contribuição, o importante é participar. Seja através da militância partidária, dos movimentos sociais, dos conselhos comunitários ou até mesmo simplesmente através do voto (que, diga-se de passagem, é apenas de 2 em 2 anos). No caso do voto, é importante frisar que o simples fato de não votar por interesse, de apenas votar acreditando que aquele é o melhor candidato no momento,  mesmo que as expectativas sejam frustradas no futuro, na média teremos um bom resultado eleitoral e uma boa representatividade. Mas infelizmente, hoje vemos que a maioria vota pensando em “se dar bem”.

Para acabarmos com esse tão criticado fisiologismo, que segundo o dicionário é a prática ou tendência para a prática da procura de vantagens pessoais ou favorecimentos privados no desempenho de cargos políticos ou públicos, em prejuízo do interesse público comum, temos de rever os valores atuais da nossa sociedade. Os políticos nascem, são criados e morrem na sociedade.

A Democracia é recente em nosso país e nossa população ainda não adquiriu um amadurecimento político. Ainda estamos engatinhando nesse sentido e há quem acredite que nunca mudaremos essa realidade. Isso porque quem deveria investir em educação não investe, talvez até por interesse em se perpetuar no poder. Mas, ou mudamos nossos valores, ou entraremos em colapso.

Eu sou otimista. Recentemente vimos na televisão um comercial (muito legal) que terminava dizendo: Há motivos para acreditar, os bons são maioria. Eu acredito nisso. Mas vejo que falta ousadia as pessoas do bem. Mas para os que não acreditam que podemos mudar essa realidade, posso enumerar algumas mudanças positivas: a própria ampliação da participação na nossa democracia, os avanços em nossa legislação, a inclusão do princípio da eficiência, a Lei de Responsabilidade Fiscal (mesmo com alguns exageros) e por aí vai. Claro que falta muito. Precisamos combater a fisiologismo, o corporativismo e a impunidade. Precisamos qualificar nossos quadros políticos e aumentar as formas de controle. Mas todos esses problemas devem ser encarados como desafios.

Esse assunto não se esgota aqui, mas me restam poucas linhas. Por isso, termino com uma mensagem de apelo. Por mais suja que a política possa parecer (e é), participe! Foi através dela que conquistamos as melhorares coisas em nossas vidas, como direito a vida e a liberdade de expressão. Faça sua vida valer a pena!

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