28/02/2011 às 23h34min - Atualizada em 28/02/2011 às 23h34min

Efetivo da polícia militar não ultrapassa 40 homens por dia em Maricá

Com baixo efetivo, 12º BPM só pode colocar 250 homens diariamente nas ruas. Já em Maricá, contingente para patrulhamento ostensivo não ultrapassa 40 PMs por dia

Responsável pelo policiamento ostensivo em Niterói e Maricá, o 12º BPM (Niterói) possui hoje 904 homens para policiar esses dois municípios, que segundo dados do IBGE, somam juntos 614.846 habitantes. Com isso, a relação é de 1 policial militar para cada grupo de 680 habitantes. O efetivo é considerado pequeno pela população dessas duas cidades, principalmente se os números forem comparados ao da capital. Com população de 6.323.037 moradores, o efetivo policial no Rio de Janeiro é de 21.350 PMs e a relação é de 1 PM para cada grupo de 296 habitantes.

Para a professora Ana Paula Miranda, coordenadora do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas da Universidade Federal Fluminense (UFF), que assinou um recente estudo sobre a sensação de insegurança da população no Rio de Janeiro, a sensação de insegurança cria um ciclo vicioso que acaba “tornando o cidadão refém do medo”.

“Com o perigo, as pessoas tendem a mudar seus hábitos e deixam de frequentar lugares, principalmente na parte da noite. Como consequência, os estabelecimentos comerciais fecham mais cedo e o transporte público atua em menor escala. Os locais ficam mais desertos, o que aumenta a criminalidade e a insegurança. O modelo fica invertido. Se uma praça é perigosa, por exemplo, não devemos trancá-la, mas garantir a segurança desse espaço público. O mais grave de tudo isso é que os mais ricos possuem condições de contratar serviços de segurança, mas a população carente fica refém de uma cidade absolutamente ofensiva ao cidadão”, opinou.

A falta de policiais nas ruas aumenta a sensação de insegurança da população. Na realidade, dos 904 homens do Batalhão de Niterói, poucos atuam diariamente no policiamento ostensivo. As férias e períodos de licença afastam mais de 170 PMs. Os cerca de 730 homens restantes ainda são divididos por escala em três grupos. Ou seja, diariamente o policiamento ostensivo em Niterói não conta com mais de 250 policiais. Já em Maricá o contingente nas ruas não ultrapassa 40 policiais por dia.

O comandante do 12º BPM, tenente-coronel Paulo Henrique, lembra ainda que Niterói recebe grande quantidade de pessoas para trabalhar ou consumir, que faz aumentar ainda mais o número de “habitantes” por policial.

“Se formos analisar quantas pessoas moram no Centro de Niterói, por exemplo, teremos um índice bem pequeno, mas sabemos que por essa área circulam centenas de pessoas diariamente, que vêm de outras cidades para trabalhar ou utilizar o comércio. Se a quantidade de pessoas no local é maior, o policiamento automaticamente precisa aumentar”, explica.

Paulo Henrique reconhece que o Batalhão de Niterói, que chegou a ter 1,2 mil policiais há cerca de 20 anos, hoje conta com efetivo reduzido.

“Antes, as atividades econômicas estavam concentradas no Centro. Ultimamente percebemos que a Região Oceânica de Niterói e a cidade de Maricá estão crescendo. Precisamos aumentar o policiamento nessas áreas, assim como em outros pontos. Trabalhamos com um cobertor curto e, às vezes, precisamos descobrir uma área para cobrir outra mais necessitada”, justifica.

Presidente da Comissão de Segurança da Câmara, vereador Renato Cariello (PDT) diz que faz o possível para tentar reverter a situação.

“Em novembro do ano passado solicitamos ao Governo do Estado a permanência dos 49 policiais formados aqui no 12º BPM. Infelizmente acabamos perdendo esses recrutas para Cabo Frio”, lembrou. No início do ano, esses policiais retornaram ao batalhão, mas não vão ficar. A partir abril serão enviados para as novas UPPs que serão criadas no Rio.

Enquanto isso, a população segue reclamando da falta de policiais nas ruas e de cabines da PM abandonadas por falta de efetivo.

“Não tenho visto policiais nesta cabine, o que seria muito importante para evitar assaltos. Já vi vários estudantes serem assaltados aqui na Praia de Icaraí”, lamentou o administrador Rogério Sardinha, de 58 anos.

O Fluminense


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