Violência nas eleições deste ano é mais que o dobro que em 2020, aponta pesquisa

 

Essa escalada é confirmada pela 3ª edição da pesquisa "Violência Política e Eleitoral no Brasil", conduzida pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global, divulgada nesta quinta, 3.  

 

Segundo o relatório, o número de casos diários de violência política neste ano é de 1,5, em contraste com a média de uma ocorrência a cada sete dias registrada nas eleições anteriores.

 

De acordo com o levantamento, o período pré-eleitoral de 2024 já contabilizou 145 incidentes, incluindo assassinatos, ameaças, atentados e outros atos de violência. Para efeito de comparação, o período pré-eleitoral de 2020 registrou 63 ocorrências, entre as quais 14 assassinatos, 15 atentados e 10 ameaças. 

 

Esse aumento expressivo reflete um cenário de crescente tensão política e eleitoral, com as eleições deste ano sendo marcadas por uma atmosfera de violência amplificada.

 

Gisele Barbieri, coordenadora da Terra de Direitos, explicou que o ciclo de violência política em anos eleitorais já foi identificado em edições anteriores da pesquisa. “Desde a primeira edição, é possível perceber um acirramento da violência política em anos de eleição. Nos casos registrados, há uma naturalização da violência, com altos índices de assassinatos, atentados e ameaças”, afirmou.

 

Um ponto destacado pela pesquisa é que a violência afeta partidos de diferentes espectros políticos, mas atinge de maneira desproporcional as mulheres, ampliando ainda mais a vulnerabilidade desse grupo no cenário eleitoral. 

 

Após o primeiro turno, que ocorre neste domingo, 6, os números deverão ser atualizados, com a expectativa de um aumento significativo nos casos de violência.

 

HISTÓRICO e CONTEXTO POLÍTICO-ELEITORAL

 

A pesquisa também traça um panorama histórico da violência política no Brasil. Entre 1º de janeiro de 2016 e 15 de agosto de 2024, foram registrados 1.168 casos de violência política no país. 

 

A análise aborda o perfil das vítimas, identificando diferenças regionais e considerando a cor e raça dos envolvidos. 

 

O monitoramento contínuo desse fenômeno visa destacar o impacto direto da violência política no processo democrático, interferindo nas disputas eleitorais e na livre expressão do voto.

 

Com as eleições de 2024, o cenário se mostra ainda mais desafiador, e as projeções para o segundo turno indicam que o ciclo de violência pode ser ainda mais grave, ameaçando o processo eleitoral e a integridade dos candidatos e eleitores em várias regiões do país.