14/03/2014 às 11h33min - Atualizada em 14/03/2014 às 11h33min

Atleta maricaense do tiro com arco eterniza marca sul-americana com 16 anos

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Marcus Vinicius D'Almeida é a grande promessa do Brasil no tiro com arco (Foto: Gabriel Fricke)

Marcus Vinicius D'Almeida é a grande promessa do Brasil no tiro com arco (Foto: Gabriel Fricke)

Marcus Vinicius D'Almeida é a grande promessa do Brasil no tiro com arco (Foto: Gabriel Fricke)[/caption]

Craque do Barcelona e da seleção brasileira, Neymar fez sua estreia no time profissional do Santos no dia 7 de março de 2009, aos 17 anos. Pelé, por sua vez, venceu sua primeira Copa do Mundo com a mesma idade, em 1958. No futebol são inúmeros os exemplos de prodígios. Longe dos holofotes e da badalação do esporte bretão, surge na modalidade tiro com arco uma das mais fortes promessas olímpicas do Brasil, que já vem alcançando feitos notáveis. Trata-se de Marcus Vinicius D'Almeida.

Diferenciado. É essa a palavra que o chefe da delegação do tiro com arco, o italiano Eros Fauni, usa para definir o jovem de 16 anos que, apesar do jeito tímido, mostra que o amadurecimento chegou cedo em sua vida. Nas eliminatórias da modalidade nesta semana em Santiago, no Chile, onde disputa os Jogos Sul-Americanos, ele deixou muita "gente grande" boquiaberta ao passar em primeiro lugar, com o experiente conterrâneo Daniel Xavier em segundo. Mais que isso, Marcus eternizou seu nome no esporte.

Ele quebrou com sobras o antigo recorde de 1264m, alcançando os 1342m. Mas o mais emocionante para o garoto é que ele nunca poderá ser batido a nível sul-americano e brasileiro. A modalidade, que era feita em baterias de 90m, 70m, 50m e 30m, agora mudou e passará a ser disputada em uma dupla de 70m para ficar mais curta. Mesmo a final na capital chilena, que acontece nesta sexta-feira, já vai ser realizada com a nova regra.

- A questão de ter batido o recorde brasileiro e sul-americano já foi sensacional, senti que as coisas estão dando certo, o nosso treinamento e o investimento em torno do esporte. Eu queria muito ficar em primeiro na classificatória para me dar confiança, mas veio o recorde. Para mim é uma grande honra ficar eternizado com apenas 16 anos - comentou.

Desde pequeno, Marcus morou com os pais na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro. E a modalidade entrou por acaso em sua vida. Como o local tem um Centro de Treinamento do tiro com arco, no início, eram feitas divulgações em escolas. E um dia houve um reunião para tentar levar jovens para o esporte onde o garoto estudava. Não demorou para um tiro no escuro virar um tiro certeiro.

- Não tenho dom para futebol, descartei de cara. Fiz quatro anos de jiu-jitsu e três de natação, mas o arco me encantou porque ele tem muitas provas e quase todo fim de semana você pode competir. Amo a sensação de competir porque você vê o resultado do seu treino. Com 12 anos eu fui lá no Centro de Treinamento querendo ver o que seria, mas amei. É um esporte que de cara eu iria poder treinar todos os dias, porque era perto da minha casa. Comecei a treinar todo dia, menos final de semana. Mas agora treino até sábado. E tem outra coisa, é uma carreira longa, tem gente com 70 anos atirando - afirmou.

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Jovem de 16 anos já está eternizado no esporte a nível sul-americano (Foto: Gabriel Fricke)

Jovem de 16 anos já está eternizado no esporte a nível sul-americano (Foto: Gabriel Fricke)

Jovem de 16 anos já está eternizado no esporte a nível sul-americano (Foto: Gabriel Fricke)[/caption]

Foram dois anos no Centro de Treinamento para jovens morando com os pais até que o técnico da seleção brasileira, na época um coreano, foi ao local para avaliar Marcus. E ele não teve dúvidas. Com apenas 14 anos, o garoto foi morar em Campinas, em São Paulo, com os outros atletas para treinar pela equipe adulta. Em 2013, com apenas 15 anos, ficou em 17º no Mundial profissional na Turquia.

- Quando eu cheguei, de cara, o Daniel (Xavier) tinha acabado de voltar das Olimpíadas. Pensei que lá em Campinas era o caminho, que lá era o modo de chegar. Eu sou o caçula, mas fui me  juntando, treinando com o pessoal, eles me ajudam e me dão o que tem de melhor. É como se eu fosse o irmão mais novo deles - explicou o atleta, que conta com a ajuda do inglês Richard Priestman, atual treinador da seleção.

Apesar de ser a grande aposta do Brasil no tiro com arco, o jovem ainda tem na cabeça outras preocupações como o vestibular. Ele ainda está no segundo ano do ensino médio e, por conta das competições, precisa perder muitas aulas. Mas os professores e a direção da escola entendem. Para Marcus, as viagens e a experiências que adquire com a modalidade são únicas.

- Ainda não sei para qual curso vou prestar. 2016 vai me responder muitas das minhas perguntas. Se eu conquistar uma medalha olímpica e fizer educação física, por exemplo, posso ser um treinador com 50 anos. É possível sair com uma medalha olímpica. É uma grande responsabilidade agora que tenho o recorde sul-americano e sei que é muito raro alguém tão jovem chegar lá. Dizem que demora oito anos para formar uma arqueiro completo. Quando chegar nas Olimpíadas, vou ter seis anos e três meses de arco.

Chefe da delegação do tiro com arco em Santiago, no Chile, o italiano Eros Fauni se derrete pelo jovem. Para ele, só o fato de o jovem de apenas 16 anos competir com adultos já seria algo notável.

- O Marcos já era diferenciado. No Mundial adulto, ele foi bem demais com apenas quinze anos. Não é uma coisa que acontece todo dia. Ele é um talento. Todo dia ele tem uma surpresa para nós. Ele vai aos Jogos Mundiais da Juventude na metade do ano na China como um dos favoritos. É difícil um brasileiro ser o favorito nesse esporte. O material é caro, todo importado e é difícil de trazer. Nós temos cadetes, juvenis e adultos. Adulto geralmente é de 20 anos para cima - concluiu.

GLOBO ESPORTE


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