15/08/2014 às 22h53min - Atualizada em 15/08/2014 às 22h53min

Menino prodígio do tiro com arco de Maricá surge como esperança de medalha inédita em 2016

Com apenas 16 anos, Marcus Vinicius D'Almeida já é top 10 do ranking mundial de uma modalidade sem tradição no Brasil e é apontado como promessa para os Jogos Olímpicos do Rio

Um adolescente de aparelho nos dentes, estudante do ensino médio e ruim de bola concentra as maiores esperanças do Brasil em uma modalidade sem tradição no país para alcançar ameta de chegar a 30 medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, daqui a pouco menos de dois anos. O maricaense Marcus Vinicius D'Almeida, com somente 16 anos de idade, já pinta como promessa para obter um resultado histórico no incipiente tiro com arco brasileiro, ao figurar como 9º colocado do último ranking da WAF (Federação Mundial de tiro com arco, na sigla em inglês). A confiança na mira do garoto é tanta que ele será o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura das Olimpíadas da Juventude, que começam neste sábado em Nanquim, na China.

“Confesso que fiquei um pouco surpreso ao ver meu nome no top 10, mas chegar a esta posição era algo que eu já planejava, portanto encarei como a concretização da meta estipulada, baseada na dedicação aos treinos”, disse Marcus. Ele está em Nanquim desde o início da semana, após a brilhante participação na etapa da Copa do Mundo de tiro com arco, na Polônia, onde terminou na quarta colocação.

O brasileiro chegou à disputa da medalha do bronze, que seria um feito inédito na história da modalidade no país, mas acabou derrotado pelo francês Jean-Charles Valladont. Ainda assim, Marcus já tem presença assegurada na etapa final da Copa do Mundo no arco recurvo (modalidade olímpica), em Lausanne (Suíça), em setembro.

O talento precoce de Marcus Vinicius D’Almeida no tiro com arco foi descoberto por acaso. Natural de Maricá, cidade na Região Metropolitana, no Rio de Janeiro, ele queria praticar um esporte, mas mostrava total falta de aptidão para as modalidades mais tradicionais, como futebol ou vôlei. Até o dia em que a CBTArco (Confederação Brasileira de Tiro com Arco) implantou um projeto social em Maricá para descoberta de novos talentos. E com apenas 12 anos, Marcus viu sua vida mudar completamente.

“Logo nos primeiros meses, ele mostrou um diferencial incomum para a idade. Sempre foi o atleta mais empenhado nos treinos e logo nas primeiras competições oficiais conseguiu resultados expressivos. Ao detectarmos seu potencial,  começamos um trabalho individual com ele que agora esta gerando os frutos”, explica o italiano Eros Fauni, diretor-técnico da CBTArco.

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Divulgação/Tiro com Arco Nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, em março, Marcus faturou três medalhas de ouros

Divulgação/Tiro com Arco Nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, em março, Marcus faturou três medalhas de ouros

Divulgação/Tiro com Arco
Nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, em março, Marcus faturou três medalhas de ouros[/caption]

Com um grande talento nas mãos, a entidade decidiu investir pesado na carreira do menino prodígio do tiro com arco. “Não é comum alguém da idade dele, tão novo, apresentar as qualidades que ele tem, como segurança e capacidade de concentração. Mas ele ainda tem muito o que evoluir, especialmente de mais experiência em competições internacionais de alto nível”, disse Fauni.

E os resultados começaram a aparecer em 2013, quando se tornou campeão brasileiro e da Copa do Brasil, categoria adulto, com somente 15 anos. Em 2014, começou a impressionar em competições internacionais: faturou três medalhas de ouro nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, em março, além de quebrar o recorde sul-americano. Depois, vieram as participações em etapas da Copa do Mundo, terminando sempre entre os 10 primeiros, até culminar com a disputa de medalha na Polônia, na última semana. 

Por isso, não é de se espantar que a CBTArco aponte o maricaense como um candidato a brigar por uma medalha nas Olimpíadas de 2016. “A expectativa é obter uma colocação inédita. Sem dúvida é a principal aposta da Confederação”, disse Fauni, que já conta com ele na equipe olímpica brasileira para os Jogos do Rio. O jovem arqueiro, porém, é mais comedido. “Creio que se continuar trabalhando duro, conseguindo os resultados esperados, estarei lá”, disse o arqueiro.

Rotina agitada

Desde que passou a integrar a seleção brasileira, Marcus Vinicius D’Almeida mudou-se de Maricá para Campinas (SP), onde está localizado um dos centros de treinamento da CBTArco para atletas de alto rendimento. E não tem moleza, apesar da idade. “Conciliar treino e estudo não é uma tarefa fácil, mas tenho recebido muito apoio de todos os envolvidos”, disse o atleta, que precisa conciliar treinos de seis horas, de segunda a sábado, além de não descuidar das aulas.

Treinado pelo italiano Renzo Ruele, que já comandou a seleção brasileira, desde julho deste ano, Marcus Vinicius ainda busca um patrocínio. “Comecei a receber agora do Ministério do Esporte a Bolsa Pódio, mas estou à procura de patrocinadores pessoais”, afirmou o arqueiro, que conta com o apoio da confederação para a aquisição do material de competição, todo importado.

Neste sábado, quando entrar no Estádio Olímpico de Nanquim como porta-bandeira do Brasil, a partir das 9h (horário de Brasília), Marcus Vinícius estará realizando um sonho. “Tinha comentado com o meu técnico: ‘Imagina se eu levar a bandeira do Brasil na abertura?’. Estar nos Jogos Olímpicos e ser o escolhido para levar a bandeira do meu país é algo único, que vou guardar para o resto da minha vida”, afirmou.

Imagine o que ele não irá dizer se daqui a dos anos estiver entre os medalhistas das Olimpíadas de 2016…

IG ESPORTE


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