O mau tempo não foi empecilho para a 17ª edição da lavagem das escadarias da igreja matriz de Nossa Senhora do Amparo, ocorrida na tarde do último sábado (16/01). Neste ano, os cerca de 350 participantes realizaram os ritos afro após o ritual nos degraus em torno da centenária árvore da praça Orlando de Barros Pimentel, considerada sagrada por representar o orixá Iroko (das árvores com longevidade). Além disso, a caminhada congregou também grupos de simpatizantes das religiões de matriz africana, como membros da comunidade cigana e capoeiristas.
De acordo com o babalorixá Jonas Liminha, um dos coordenadores do evento, esta edição registrou a maior roda de candomblé já vista em Maricá nos últimos anos. “A partir de um pedido meu foram inseridos nesta roda, além do povo de candomblé, os umbandistas, ciganos, os capoeiristas, cadeirantes e cidadãos comuns, que concretizam a inclusão social e a união que queremos”, avaliou Liminha, que também protagonizou, em frente à Câmara dos Vereadores, o ato chamado de ‘despojamento de vaidade’. Na cerimônia, ele retira a vestimenta de alguns adeptos do candomblé, deixando-os apenas em trajes comuns brancos e descalços. Segundo o babalorixá, trata-se do momento de chamar a atenção para a simplicidade ensinada pelos orixás.
Apontada como a terceira maior no Brasil – ficando somente atrás da famosa lavagem da Igreja do Bonfim, em Salvador (BA), que ocorre há mais de 120 anos, e da Igreja São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, realizada há 20 anos –, a lavagem das escadarias integra o calendário oficial de eventos do município após sanção da Lei nº 2512, de 20 de maio de 2014. O evento é coordenado pela Fonte para Orientação Religiosa de Matriz Africana (FORMA) e tem o apoio da Prefeitura de Maricá, através das secretarias municipais adjuntas de Assuntos Religiosos, Turismo, Cultura, Segurança Pública e Direitos Humanos.
