Angelo Lower, 41, recolhe seus pertences que estavam secando no gramado do condomínio. Mauro Pimentel/Folhapress[/caption] Na casa da diarista desempregada Elizângela Carneiro, 42, em Itaipuaçu, não chegou a repercussão da opinião do prefeito do Rio, Eduardo Paes, sobre o município da região metropolitana. Elizângela diz ter ouvido comentários de que Paes falou mal da cidade, mas não sabia os detalhes –perdeu todos seus móveis e eletrodomésticos em uma enchente no início do mês e não ouviu a gravação do telefonema em que o prefeito do Rio disse ao ex-presidente Lula que 'Maricá é uma merda'. Moradora de um condomínio do Minha Casa Minha Vida na periferia de Maricá, a diarista considera Lula seu principal líder político. Dilma Rousseff vem em segundo lugar. Em setembro passado, ela viu de longe a presidente na cerimônia de entrega das chaves do conjunto habitacional. O condomínio, porém, foi atingido por uma forte enchente seis meses mais tarde, no início de março. "Eu moro aqui porque não tenho onde morar. A dona da casa em que eu fazia faxina me dispensou e eu uso os R$ 300 do Bolsa Família para comprar comida para as minhas filhas", disse. Maricá tem cerca de 130 mil habitantes e fica a 50 quilômetros do Rio. "Estamos sofrendo e ele fica fazendo gracinha? Isso mostra como esses políticos são", disse a estudante de enfermagem Marcela Santana, 40, outra moradora do condomínio, depois que a água das valas que ficam nas extremidades do terreno voltou pelo cano, privadas e ralos. "Merda são o Paes e o Pezão [governador], que quebraram o Rio de Janeiro", disse Ângelo Lower, 41, marido de Marcela, enquanto recolhia os documentos e livros postos para secar no gramado diariamente.
FOLHA DE SÃO PAULO
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