A ideia do projeto tinha sido antecipada pelo secretário de Segurança, Roberto Sá, ao DIA, em janeiro. Na primeira fase, a expectativa é de que policiais do Grupamento de Policiamento de Transporte Urbano (Gptou) recebam uma gratificação extra mensal em torno de R$ 1 mil, vale-transporte e refeição.
“Atualmente, um dos grandes desafios do Gptou é o baixo efetivo. Temos somente quatro trios para trabalhar por turno de 12 horas, em toda a Avenida Brasil, Centro e Zona Sul. O ideal seria que 10 equipes dessas trabalhassem no período nesses locais”, afirmou o capitão Hugo Leonardo Paiva, 32 anos, comandante do grupamento há 1 ano.
Uma solução encontrada para reforçar a tropa que tem a responsabilidade de policiar 8.500 ônibus diariamente seria a remuneração de outros agentes para, no horário de folga, trabalharem no grupamento. Na segunda fase, prevista ainda para este ano, a intenção é formar outro grupo de policiais para atuar em ônibus no horário de folga.
Assim como o Segurança Presente, que atua financiado pela Prefeitura e pela Federação de Comércio do Estado do Rio, o novo policiamento seria financiado pelas empresas de ônibus. “Todo o projeto está em fase de análise. Há também uma proposta de gratificação trimestral em reconhecimento ao número de ocorrências dos policiais do Gptou, que, mesmo com toda a dificuldade, é atuante”, disse Paiva.
Baseado na experiência à frente do grupamento, o oficial criou uma curso que tenta replicar nas outras unidades. “O Comando de Policiamento Especial sugeriu aplicar nos outros batalhões técnicas de abordagens em ônibus. Começamos o treino de uma equipe em São Cristóvão. No próximo mês, começa o Curso de Operações e Patrulhamento em Vias Expressas e uma das disciplinas é o policiamento em coletivos”, contou o comandante. Segundo Paiva, o policiamento em ônibus necessita de técnicas específicas. “Na Olimpíada, tivemos um episódio em que um policial não treinado jogou spray de pimenta em passageiros. A conduta do agente virou um inquérito”, explicou.
Em 2016, o roubo a ônibus aumentou em 76,7%. “Ao mesmo tempo que houve o disparo de roubos, também aumentou a produtividade policial”, rebateu Paiva. Segundo o Gptou, no primeiro bimestre foram 23 presos contra sete do mesmo período de 2016; e 2,4 kg de maconha apreendidos contra 140g.
Armas de brinquedo Paiva aponta a fragilidade nas leis como outra dificuldade no combate aos roubos em coletivos. Segundo o oficial, diariamente armas de brinquedo são apreendidas pelo Gptou, mas o portador do simulacro é solto na delegacia. “No último dia 17, por exemplo, tivemos um caso assim: o suspeito foi abordado dentro do ônibus, tinha passagem pela polícia, e disse que iria praticar roubos com o simulacro. Na delegacia, foi solto. Ou seja, o policial fica mais tempo na delegacia do que o suspeito, que sai antes”, contou.De acordo com o comandante, quando o suspeito apresenta nota fiscal, o objeto ainda é devolvido ao dono. Neste ano, dois simulacros foram apreendidos com criminosos que foram presos em flagrante. Na terça, Jhon Lenon Barbosa manteve 30 passageiros reféns em um ônibus em Niterói também com arma de plástico, e acabou preso e indiciado por ‘roubo majorado’. Diariamente, o Gptou aborda entre 80 e 100 coletivos.