11/11/2011 às 11h11min - Atualizada em 11/11/2011 às 11h11min

Corregedoria da Civil diz que Nem negociou rendição com delegado Roberto Nunes de Maricá

Roberto Gomes Nunes
Delegado da 82ª DP de Maricá
A delegada Tatiana Loch, diretora da Divisão de Assuntos Internos da Corregedoria Polícia Civil, disse que o advogado do chefe do tráfico da Rocinha, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, negociou a rendição do criminoso com o delegado Roberto Gomes, titular da Delegacia de Maricá (82ª DP). Segundo ela, isso explicaria a presença dos policiais civis no momento em que o carro aonde estava o criminoso foi interceptado pelos PMs do Batalhão de Choque.

- Eu recebi a ligação do meu superior dizendo para eu ir até a Lagoa, pois o traficante teria negociado sua rendição e um representante da corregedoria deveria estar presente. Quando cheguei, já visualizei as viaturas do Batalhão de Choque saindo. Fui informada no local de que a negociação foi feita com a 82ª DP, de Maricá. Agentes da Core, o doutor Roberto Gomes e dois policiais me informaram que o Batalhão de Choque interceptou o carro antes do encontro.

Sobre os policiais presos na tarde de quarta-feira (10) fazendo escolta do traficante Coelho, que tentava fugir da Rocinha, a delegada disse que foi aberto inquérito para verificar se eles estavam envolvidos com o tráfico e associados à lavagem de dinheiro.

A prisão do traficante foi marcada por confusão que envolveu policiais militares, civis e federais, além de advogados do criminoso. Os PMs que abordaram o Toyota Corolla em que Nem foi capturado dizem que um dos homens que acompanhava o bandido chamou um suposto delegado da Polícia Civil por telefone. O telefonema aconteceu antes de o traficante ser descoberto no porta-malas do carro.

Segundo o cabo André Souza, que participou da prisão, o suposto delegado - que segundo a corregedoria seria o Roberto Gomes (82ª DP) compareceu ao local com dois inspetores e queria levar o veículo para a delegacia e assumir a ocorrência.
- Chegaram ao local um delegado da Polícia Civil e dois inspetores que foram chamados por um dos advogados dele [do Nem]. O delegado quis assumir o caso, mas, como naquele momento a ocorrência era nossa, solicitamos a presença do tenente (que estava na supervisão da operação) para que pudéssemos abrir o porta-malas.

O primeiro tenente Disraeli Gomes contou que, àquela altura, já desconfiava que o chefe do tráfico da Rocinha estivesse no porta-malas do Toyota Corolla, cujo um dos ocupantes se identificou como cônsul honorário do Congo. O veículo estava com a suspensão traseira muito baixa. Além disso, o carro se movia, mesmo quando todos os ocupantes estavam fora dele.
Após a tentativa de suborno, os PMs deram voz de prisão aos ocupantes do veículo. Logo em seguida, chegaram os agentes federais acionados pelos PMs, já que um dos ocupantes do carro se identificou como cônsul.

Sabendo que o traficante não conseguiria fugir, um dos advogados chamou um agente da Polícia Federal e admitiu que Nem estava no veículo. Com isso, a mala foi aberta, revelando o traficante mais procurado do Rio com uma expressão asssustada. Todos foram levados para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá (centro), e transferidos nesta quinta-feira para o Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste.

Os advogados vão responder por favorecimento ao tráfico e corrupção ativa. Já o suposto cônsul do Congo foi solto e deve responder em liberdade por favorecimento ao tráfico.


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