No mesmo período, o levantamento aponta que a região denominada por Região Metropolitana II, que tem as cidades de Maricá, Rio Bonito, Silva Jardim, Tanguá, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói apresentou maior crescimento de recém-nascidos com a doença. Foram 85,13%, ou 1.440 notificações. Neste período, a Região Metropolitana apresentou 32,26% de aumento no número de casos de infecção.
Os números alertaram o estado e a Secretaria de Saúde estadual prepara uma série de ações junto aos municípios para aumentar a notificação da doença e melhorar a qualificação do pré-natal na rede pública de saúde do estado. Entre elas, estão a qualificação de profissionais de saúde que atuam na atenção ao pré-natal, pactuação com gestores municipais de saúde do conjunto de metas e ações a serem realizadas para o controle da sífilis na gestação e sífilis congênita, além do cofinanciamento de equipes de saúde em algumas regiões.
A doença- A sífilis congênita pode causar má-formação do feto, nascimento prematuro, aborto e até a morte do bebê. De 2000 a 2011, 718 bebês nasceram mortos no estado do Rio devido à doença. Os que nascem vivos têm a saúde comprometida. Na maioria dos casos, a sífilis se manifesta logo após o nascimento, mas a doença pode se manifestar até os dois anos de vida. A criança doente pode apresentar pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, surdez, dificuldade de aprendizagem, retardo mental e deformidades ósseas.
Nas mulheres e nos homens, os primeiros sintomas da doença são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas virilhas (ínguas), que surgem entre a 7 e 20 dias após a contaminação. Se progredir, a doença pode causar manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e queda dos cabelos. A doença pode ser transmitida por relação sexual sem preservativo com pessoa infectada, por transfusão de sangue contaminado ou da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou o parto.
Tratamento- O exame de sangue para identificar a doença deve ser feito ainda no primeiro trimestre da gravidez nas Unidades de Atenção Básica, nas redes municipais de saúde, e nos serviços que realizam pré-natal pelo SUS. Recomenda-se que o teste seja repetido no terceiro trimestre de gestação e, novamente, antes do parto. No entanto, dentre os 2.115 casos de sífilis congênita registrados no RJ em 2011, 54% só receberam o diagnóstico na curetagem realizada em casos de aborto ou no pós-parto. As mulheres que não têm o resultado do teste disponível devem realizar o exame antes do parto. Se a mãe estiver infectada, é possível que o bebê nasça com complicações. Importante também que seus parceiros sexuais sejam diagnosticados e tratados, já que há risco de reinfecção.
Por isso, todos os bebês que nascem na rede pública de saúde devem realizar o exame para identificar a doença. Em caso positivo, a criança precisa ficar 10 dias internada para receber a medicação adequada, o que muitas vezes aumenta o tempo de internação também das mães.