Relatora da CPI, a deputada Zeidan destacou que, além de maior apoio do Estado, há a necessidade de criação de uma rede de apoio para que as vítimas de violência doméstica tenham independência financeira. "Muitas vezes, a mulher não consegue se livrar da sua realidade porque depende financeiramente do companheiro e agressor. Aqui, em Maricá, a prefeitura já ofereceu até o terreno para a construção da Deam, estamos aguardando o governo do Estado iniciar a obra. O Minha Casa Minha Vida, que é do governo federal, já atende a maioria de mulheres chefes-de-família, temos políticas direcionadas para elas, entre outras tantas medidas. Mas a sociedade também pode fazer a sua parte, não discrminando a mulher na hora de contratar um profissonal", ponderou a deputada. Para a subsecretária de Políticas Públicas para a Mulher de Maricá, Luciana Piredda, a relação com os órgãos do estado e do judiciario ainda é complicada. A cidade enfrenta dificuldades na aplicação da Lei Maria da Penha por meio de alguns órgãos de Segurança e Justiça. A maioria dos casos encaminhados para o Conselho Tutelar e a Defensoria Pública pelo Centro Especializado em Atendimento à Mulher (Ceam) não é resolvida. O Ceam, que já acompanhou 656 vítimas desde 2011, também passa por problemas estruturais. Segundo dados da subsecretaria de Maricá, a maioria das vítimas é de baixa renda, tem uma união estável, completou o ensino fundamental, declara-se branca e tem entre 20 e 40 anos. Das mulheres atendidas, 78% sofreram violência física, 67%, psicológica, e também 67%, moral.Sobre essa violência psicológica, a editora de revista Maricá Já, Lurian Silva, destacou que é importante reagir: "Não podemos aceitar a agressão psicológica. Quando um homem nos agride a gente se torna um rascunho. Aqui em Maricá temos, infelizmente, o maior índice de violência psicologica contra a mulher no Estado", revelou a jornalista. A violência contra as mulheres lésbicas e bissexuais também foi lembrada na reunião. O subcoordenador de Diversidade Sexual da Prefeitura de Maricá, Carlos Alves, disse que há muitos casos de estupro e violência familiar nessa parcela da população, principalmente entre as negras. O deputado federal Fabiano Horta também defendeu a necessidade de criação de meios locais de combate a violência e se colocou à disposição de Zeidan para pressionar o judiciário e o estado na implantação das novas unidades. Durante a CPI, a moradora S., de Maricá, vítima de violência do marido, buscou ajuda da Comissão e obteve da deputada Zeidan a garantia de que o caso será levado ao Defensor Público Geral. Maricá foi a primeira cidade a receber a audiência pública da CPI, que deu início a uma série de audiências públicas que a CPI realizará nas diversas regiões do Estado. "Queríamos transpor os muros da Alerj. Já fizemos dez audiências com vários temas e nos parecia muito importante ter o olhar dos municípios. Ainda em julho, estaremos na Baixada, na região Sul Fluminense e na Região dos Lagos. E, em agosto, nas regiões Norte e Serrana", informou a presidente da CPI, deputada Martha Rocha. Para complementar o levantamento sobre o tema na região que inclui os municípios de Maricá, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito e Tanguá, a deputada Zeidan informou que serão solicitados relatórios sobre a política de enfrentamento da violência contra a mulher às demais cidades. A deputada tem a missão de elaborar o relatório final da CPI que fará uma radiografia atualizada da violência contra a mulher em todo o Estado.